Ranier Bragon

Repórter especial em Brasília, está na Folha desde 1998. Foi correspondente em Belo Horizonte e São Luís e editor-adjunto de Poder.

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Com 120 dias, Bolsonaro ainda não entendeu o cargo que ocupa

Não é possível cobrar resultados ainda; um mínimo de compostura, sim

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O presidente Jair Bolsonaro durante reunião com líderes evangélicos em hotel no Rio, neste mês
O presidente Jair Bolsonaro durante reunião com líderes evangélicos em hotel no Rio, neste mês - Mauro Pimentel/AFP

Jair Bolsonaro completa 120 dias de governo. Um tempo curtíssimo para qualquer cobrança de resultados —menos de 10% do mandato—, mas suficiente para a constatação do misto de despreparo com condutas equivocadas que ganhou abrigo no Palácio do Planalto.

Cem por cento das fichas foram apostadas em uma reforma propagandeada como a chegada à Atlântida e em um pacote de mudanças legislativas bancado pela Lava Jato. Contente com que os adultos cuidem disso, o presidente junta-se aos amiguinhos alucinados e vai brincar na sua Disneylândia particular.

Lá, nesse mundo fantástico de gurus improváveis e vilões imaginários, penas voam para todo lado, a toda hora, em um desabrochar de sentimentos inspirados na rainha Vitória ou na rainha Maria.

Seria muito engraçado, e às vezes é mesmo, não fosse o inconveniente de que ali se ruminam ideias que mais parecem saídas de um parque de diversões mal-assombrado.

Como o estímulo à homofobia e ao turismo sexual, prática que sobrevive em vários casos da asquerosa exploração de meninas do Norte e Nordeste. Turismo gay não, mas gringo de boa cepa vir pra cá catar mulher, aí o presidente curte —até porque no seu particular mundo neandertal mulheres não fazem turismo.

No comercial do Banco do Brasil tirado do ar, jovens, a maioria negros, alguns tatuados, dançam e tiram selfies sob uma narração feminina de sotaque nordestino. Se todos fossem homens brancos heterossexuais e o narrador tivesse sotaque paranaense, estaria ok?

Nesta segunda o presidente defendeu que “cidadãos de bem” que assassinem invasores de terras —mulheres e crianças geralmente integram esses movimentos— não sejam punidos. Uma outra declaração afetou ações do Banco do Brasil. Horas depois auxiliares disseram que era só brincadeira. O tempo ainda não permite cobrar resultados, mas é mais do que suficiente para que o presidente saia do playground e tenha um mínimo de compostura.

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