Ranier Bragon

Repórter especial em Brasília, está na Folha desde 1998. Foi correspondente em Belo Horizonte e São Luís e editor-adjunto de Poder.

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A Kombi que levava Ágatha e a Kombi dos insensatos

É indecente usar caixão como palanque, diz governador dos soquinhos no ar e do tiro na cabecinha

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A menina negra cujo sorriso agora é famoso nacional e internacionalmente estava com a mãe no banco de trás da kombi que a levaria para casa, na noite de sexta (20). Na última parada antes da sua, uma bala a atingiu pelas costas e encerrou seus oito anos de vida. Como última lembrança, deixou na kombi o saco de batatinhas fritas do McDonald's.

Enlouquecida e desgovernada, trilha as ruas do país outra kombi macabra, a dos insensatos. À morte de Ágatha Vitória Sales Félix, seus condutores e tripulantes responderam com covardia, omissão, hipocrisia.

Na direção está o primeiro mandatário. Aquele que defende uma primária e absurda política de bangue-bangue no combate à criminalidade e que aparenta ter, como única resposta às prováveis consequências nefastas de seu discurso e ação, o habitual sorriso idiotizado acompanhado da arminha com as mãos.

O que Jair Bolsonaro (PSL) ou sua tagarela família têm a dizer sobre Ágatha? Poucas horas depois do enterro da menina, um dos zero-qualquer-coisa, Eduardo, postou agradáveis impressões sobre o novo Rambo. "Quem não curte pode ver Teletubbies, que é menos agressivo."

No banco da frente dessa kombi está, é certo, o governador Wilson Witzel (PSC), que só nesta segunda (23) se manifestou. Para ele, é indecente transformar caixão em palanque. Deveria se vestir de Bart Simpson e escrever esse pensamento umas 200 vezes na lousa em penitência por seus soquinhos no ar em comemoração à morte de um criminoso e à sua palanqueira pregação do tiro na cabecinha de bandido.

Witzel comemora o desfecho do sequestro na ponte Rio-Niterói após a morte do sequestrador - Reprodução

Está lá também, encolhido na parte de trás da kombi, o inescusável Sergio Moro, segundo quem o caso Ágatha nada tem a ver com a proposta de abrandar a punição a policiais que cometam excessos sob escusável medo, surpresa ou violenta emoção.

A kombi dos insenstatos segue desgovernada e a toda velocidade, sem radares a lhe intimidar, alheia a consequências e atropelando tudo pelo caminho a segurança pública é só uma de suas vítimas.

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