Raquel Landim

Jornalista especializada em economia, é autora de ‘Why Not’, sobre delação dos irmãos Batista e a história da JBS.

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Raquel Landim
Descrição de chapéu Balanços juros inflação

O mantra 'é a economia, estúpido!' não vale para o Brasil nestas eleições

Segurança e saúde tendem a ganhar destaque

Protesto contra a reforma da Previdência em São Paulo - Rivaldo Cruz-30.jan.2018 / Folhapress

Desde que o marqueteiro de Bill Clinton cunhou o slogan “é a economia, estúpido!” em 1992, a frase tornou-se um mantra na política. Por essa teoria, o sucesso ou fracasso de um candidato seria sempre determinado pelo desempenho da economia.

Mas e quando os resultados são insípidos? Nem ruins o suficiente para favorecer a oposição, e nem bons o bastante para catapultar o candidato governista nas pesquisas? É exatamente o caso do Brasil hoje.
Não há dúvidas de que a economia está se recuperando. Devagar, mas está. No ano passado, o PIB cresceu 1%. Ainda é pouco, mas melhor do que a recessão que o país vinha atravessando.

A inflação caiu, melhorando o poder de compra das pessoas, e as empresas pararam de demitir. Por outro lado, ainda temos 12,7 milhões de desempregados. O mercado de trabalho –como é normal– é o último a se recuperar.

Com a economia em banho-maria, o tema deve perder relevância nas eleições presidenciais deste ano, ao contrário do que prega o mantra americano. Segurança e saúde, que estão justificadamente no topo das preocupações dos brasileiros, tendem a ganhar destaque.

Os políticos perceberam isso. Se flertavam com um discurso liberal, já começam a migrar. Temer ter anunciado uma intervenção federal no Rio de Janeiro, tentando se apoderar do discurso direitista do deputado Jair Bolsonaro, é só o exemplo mais eloquente disso.

Nas últimas semanas, muitos comemoraram que as privatizações deixaram de ser um tema proibido. Minha suspeita é que o assunto não desaparecerá, mas que os candidatos vão se esquivar o que puderem de falar de privatização, Previdência e de economia em geral à medida que as eleições se aproximam.

Se é verdade que o Brasil está saindo da recessão, tampouco os problemas foram resolvidos. A reforma da Previdência foi deixada de lado neste ano eleitoral, mas mudanças na aposentadoria são incontornáveis em 2018, a não ser que o próximo presidente queira estourar o teto de gastos. Mas qual é o candidato que vai querer falar isso abertamente?

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