Raquel Landim

Jornalista especializada em economia, é autora de ‘Why Not’, sobre delação dos irmãos Batista e a história da JBS.

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Raquel Landim

Sem decolar nas pesquisas, Meirelles escorrega no preço da gasolina

O que vai regular a a tarifa é a disputa entre os postos e a atração de mais investimentos

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles - Ueslei Marcelino - 28.fev.18/Reuters

Sem decolar nas pesquisas, o ministro da Fazenda, Henrique Meireles, escorregou nesta semana numa das armadilhas mais traiçoeiras da política brasileira: o controle do preço da gasolina.

Em entrevista à rádio CBN de Ribeirão Preto, revelou que estava discutindo com a Petrobras uma “fórmula de equilíbrio” para “evitar que a alta do preço não afete o consumidor” e que “uma queda excessiva não prejudique a Petrobras”.

É uma conversa fiada que quem acompanhou o tumultuado relacionamento do governo Dilma com a estatal conhece bem. Uma “fórmula de equilíbrio” é eufemismo para intervenção na política de preços.

Meirelles foi obrigado a recuar depois de uma dura resposta do presidente da Petrobras, Pedro Parente, que educadamente mandou o governo baixar os impostos, que representam boa parte do preço pago pelo consumidor.

Se depender da atual diretoria da Petrobras, o preço da gasolina no Brasil vai continuar variando conforme o mercado internacional, aliás, como qualquer outra commodity em qualquer outro lugar do mundo.

O que vai regular o preço ao consumidor é a disputa entre os postos de gasolina e a atração de mais investimentos, que permitirão a construção de mais refinarias quando o mercado se convencer de que a mudança na política de preços de combustíveis no Brasil veio para ficar.

Desse ponto de vista, o escorregão de Meirelles não ajuda em nada. Já faz tempo que ele se encantou com a política e nunca escondeu seu desejo de ser presidente da República, mas até agora vinha se apresentando com um candidato defensor do livre mercado.

Por meses, Meirelles rechaçou as sondagens para o Ministério da Fazenda e só topou o desafio quando achou que seria o comandante da economia para um presidente fraco, que chegou ao poder de forma atabalhoada —mais ou menos o que aconteceu com Fernando Henrique Cardoso e Itamar Franco.

Só que o plano deu errado. A equipe econômica montada por ele reorganizou a economia e reduziu a inflação, mas não aprovou as reformas e não impulsionou o crescimento o suficiente para catapultar sua candidatura.

Suas declarações parecem uma tentativa meio desesperada de tornar sua imagem mais palátavel. Não vai funcionar e ainda corre o risco de estragar uma das maiores conquistas do governo Temer: uma gestão eficiente para a Petrobras.

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