Raquel Landim

Jornalista especializada em economia, é autora de ‘Why Not’, sobre delação dos irmãos Batista e a história da JBS.

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Raquel Landim

Depois de o  STF negar o habeas corpus, o juiz Sérgio Moro determinou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se apresente até às 17 horas desta sexta-feira (6) à Polícia Federal em Curitiba.  Com sua prisão, praticamente acabaram-se as dúvidas: Lula está fora da corrida presidencial de 2018.

A detenção do ex-presidente – um dos maiores líderes populares do país –certamente terá muitas implicações políticas, econômicas e até históricas para o Brasil, mas a pergunta que está na cabeça de dez em cada dez investidores é: qual será o peso de Lula como cabo eleitoral?

Na última pesquisa Datafolha, Lula liderava a corrida presidencial com 37% das intenções de voto. Sem o ex-presidente, os principais pré-candidatos estavam praticamente empatados: Jair Bolsonaro, com 18%, Marina Silva, com 13%, Ciro Gomes com 10% e Geraldo Alckmin com 8%.

Obviamente o potencial de transferência de votos de Lula hoje é muito menor do que em 2010, quando, no auge da popularidade, elegeu como sucessora um tecnocrata sem carisma e desconhecida do público, Dilma Rousseff.

Mas o cenário está tão embolado que apenas uma fatia dos eleitores de Lula podem ser suficientes para colocar um candidato no segundo turno. Daí a importância para os investidores de tentar mapear qual será o seu peso como cabo eleitoral. Só que a resposta a essa pergunta depende de outra: por que quanto tempo o ex-presidente ficará preso?

O voto da ministra Rosa Weber foi dúbio o suficiente para deixar a dúvida pairando no ar. No caso específico de Lula, ela acompanhou a jurisprudência e negou o habeas corpus, mas deixou claro que poderia votar diferente da próxima vez que a prisão em segunda instância for analisada.

Basta, portanto, que o assunto volte a baila, seja pelas mãos da ministra Carmen Lúcia ou de seu sucessor na presidência do STF a partir de setembro, o ministro Dias Toffoli, que chegou ao cargo por ter sido assessor do outrora todo poderoso o ex-ministro José Dirceu.

Se Lula permanecer atrás das grades durante toda a campanha, seu potencial de transferência de votos diminui. Estará fora do horário eleitoral gratuito (a não ser por imagens de arquivo) e não poderá percorrer o país ao lado do seu candidato. Mas, se for solto dentro de semanas ou meses, o discurso de vítima ganha apelo junto ao eleitorado.

Até agora o mercado vem apostando que um candidato reformista – Geraldo Alckmin  (PSDB) – vai sair da inércia e decolar nas pesquisas. Mas e se o “pior” acontecer? A candidatura de Jair Bolsonaro ainda não desidratou e é bastante factível que ele possa enfrentar no segundo turno Ciro Gomes ou alguém ungido por Lula.

“O mercado não está precificando essa hipótese, o que pode provocar muita volatilidade no preço dos ativos”, diz o economista Juan Jensen sócio da 4E Consultoria.  E sempre vale lembrar: ainda faltam seis meses para as eleições.

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