Raquel Landim

Jornalista especializada em economia, é autora de ‘Why Not’, sobre delação dos irmãos Batista e a história da JBS.

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Descrição de chapéu Balanços Selic juros

Dólar disparou e mercado ainda nem notou que pode perder a eleição

Investidores podem se assustar ainda mais dependendo das próximas pesquisas eleitorais

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O vento virou e as ondas do mercado financeiro sacodem com vigor as moedas dos países emergentes.

Os fundamentos da economia brasileira não estão mais tão frágeis a ponto de deixar o real à deriva, graças a uma poderosa âncora de reservas internacionais, mas tampouco podemos dar a travessia como garantida. 

O Brasil está bem melhor do que tempos atrás, quando amargava profunda recessão, mas vai ficando evidente a ameaça que paira sobre sua frágil recuperação. As estimativas que previam crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) próximo de 3% este ano, já se aproximam de 2% e podem cair mais.

Depois de o dólar saltar de R$ 3,4 para R$ 3,7 em um mês e a cotação do petróleo disparar, o que por conta da correta mudança na política da Petrobras agora impacta diretamente no preço gasolina, o Banco Central interrompeu a queda da taxa de juros, preocupado com o repasse inflacionário. 

É verdade que as pessoas já não estavam propensas a tomar crédito, por causa do avanço mais lento que o esperado do mercado de trabalho. Com um emprego informal, quem se arriscar a pegar um empréstimo de longo prazo?

Também pode-se discutir se o BC foi conservador demais ou argumentar que 0,25 ponto porcentual a menos de taxa Selic, faz pouca diferença, mas o que importa é a tendência. A decisão do Copom significa que o governo pode ter perdido a única ferramenta de que dispunha para estimular a economia, dada sua péssima situação fiscal.

Não há sinais de que o crescimento virá por outras vias. Os empresários, que já não pretendiam investir ou contratar antes das eleições, agora têm mais um motivo para serem cautelosos, já que as máquinas e equipamentos importados ficarão mais caros por causa do câmbio.

O Brasil vinha se beneficiando de uma calmaria quase inexplicável no mercado financeiro, graças à farta liquidez global. Com dinheiro sobrando, os investidores não se importavam com as reformas travadas ou com a proximidade das eleições mais competitivas desde 1989.

Mas com o dinheiro em busca da rentabilidade segura dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, que deve elevar os juros em breve, os investidores tendem a ser mais cautelosos e podem se assustar ainda mais dependendo das próximas pesquisas eleitorais.

“Até agora o mercado acreditava que uma candidatura reformista de centro acabaria vencendo as eleições. Mas e se isso não se concretizar? Não está na conta dos investidores. O que vai acontecer se o mercado perceber que seu desejo é diferente do que quer o povo?”, questiona Silvia Matos, economista do IBRE/FGV. 

Só saberemos a resposta para esta pergunta nos próximos meses, mas quem tem investimento na bolsa e/ou dívida em dólar deve preparar o bolso e manter o sangue frio, porque as as trovoadas vindas do mercado não prometem tempo bom para o Brasil daqui até outubro.

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