Raquel Landim

Jornalista especializada em economia, é autora de ‘Why Not’, sobre delação dos irmãos Batista e a história da JBS.

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Descrição de chapéu Balanços

Greve é mais uma incerteza que prejudica a recuperação da economia

Sem saber qual será o rumo do país, a população não gasta e as empresas não investem

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Os dados do PIB (Produto Interno Bruto), divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira (30), confirmam o que já se esperava: a recuperação da economia está muito, muito lenta, por conta do caldeirão de incertezas no qual o país está mergulhado.

No primeiro trimestre, o PIB avançou 0,4% em relação aos três meses anteriores. O número veio em linha com as “projeções de véspera” dos analistas, que observam indicadores antecedentes como consumo de energia, mas é bem inferior ao 0,7% projetado no início do ano.

Uma análise mais cuidadosa mostra o quão lenta está a retomada. Em meados do ano passado, a demanda —que inclui o consumo das famílias e os investimentos das empresas— estava crescendo 5% ao ano. Nos últimos dois trimestres, avançou apenas 2% ao ano.

 

“A demanda dos brasileiros estava subindo mais forte na saída da recessão do que agora. É absolutamente surpreendente, porque o esperado seria o contrário”, disse Braulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores e autor dos cálculos acima.

Ele aponta ainda outro número revelador do que já é quase uma estagnação da atividade econômica. No fim de 2016, o desemprego, já descontado os efeitos sazonais, estava em 13%. Hoje o mesmo indicador está em 12,2%, o que significa uma queda de apenas 0,1% ponto porcentual por mês. Nesse ritmo, o país levaria cerca de quatro anos para chegar num patamar mais “aceitável” de 10% de desemprego.

Mas por que a economia está se recuperando tão devagar? A resposta é simples: incerteza. Sem saber qual será o rumo do país, às vésperas da eleição mais polarizada desde 1989 e com o câmbio sofrendo forte desvalorização por conta do cenário externo desfavorável, a população não gasta e não toma empréstimo e as empresas não contratam e não investem.

E, infelizmente, a situação tende a piorar. O PIB do primeiro trimestre, obviamente, não inclui os efeitos da greve dos caminhoneiros, que provocou desabastecimento nas cidades brasileiras e graves problemas na produção das indústrias nos últimos dias.

Parte das perdas provocada pela greve tende a ser recuperada no médio prazo, quando a situação se normalizar, mas a paradeira dos transporte de carga trouxe um efeito ainda mais perverso e de longo prazo para a economia: adicionou ainda mais incerteza no caldeirão.

As pessoas perceberam que o governo Michel Temer, com a popularidade próxima do chão, está refém de setores organizados com capacidade para parar e chantagear o país. Nos últimos dez dias, foram os caminhoneiros. Nesta quarta, são os petroleiros. Quem será o próximo? E, nesse contexto, você tem segurança para gastar suas economias ou para abrir um segundo turno na sua fábrica?

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