Raquel Landim

Jornalista especializada em economia, é autora de ‘Why Not’, sobre delação dos irmãos Batista e a história da JBS.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Raquel Landim

Temer vai transformar o Brasil na Venezuela?

Tabelamento do frete rodoviário é uma barbaridade que viola o princípio da livre concorrência

Hoje já é quase um consenso que o governo Michel Temer “acabou” no dia 17 de maio de 2017, quando veio a público a constrangedora gravação feita pelo empresário Joesley Batista.

Depois disso, o presidente gastou todo o seu poder de barganha no Congresso, que não era pequeno, para se manter no Planalto e longe da cadeia, perdendo o fôlego para conduzir o país para fora do atoleiro.

É verdade que ainda ocorreram mudanças na legislação trabalhista, mas a reforma da Previdência —fundamental para recuperar as contas públicas e a confiança dos investidores – foi para o fundo da gaveta.

Michel Temer - Adriano Machado/Reuters

O que não se esperava é que, depois de sobreviver aquela turbulência, o governo conseguisse, nos seus últimos meses, despedaçar os poucos legados positivos que deixava para o país.

A maneira atabalhoada como reagiu à greve dos caminhoneiros empurrou a Petrobras de volta para o precipício, detonando um excelente trabalho de recuperação da petroleira, depois de todos os desmandos que sofreu.

Mas como tudo sempre pode piorar e as sandices das autoridades não pararam por aí, o que o governo Temer vem fazendo nos últimos dias é jogar o Brasil de volta aos anos 80.

O retrocesso pode ser até anterior porque pessoas consultadas por esta colunista não se lembram da última vez que o país teve tabelamento do frete rodoviário, uma barbaridade que viola o princípio constitucional da livre concorrência.

Talvez a frase mais sensata dos últimos dias tenha sido proferida pelo presidente da associação de distribuidores de combustíveis, Leonardo Gadotti, que acuado pelas ameaças do governo de “uso de força policial” para que o desconto do diesel nas refinarias chegue aos postos, afirmou:

-  “A Venezuela começou assim”.

Já começo a pensar que é melhor que as eleições de outubro cheguem logo para evitar que Temer, efetivamente, transforme o Brasil na Venezuela – um risco antigamente atribuído a sua antecessora Dilma Rousseff.

Se bem que, peraí, o líder das pesquisas de intenção de voto é o deputado Jair Bolsonaro, aquele mesmo que tem saudades da ditadura militar... Parece que a capacidade do Brasil de retroceder não tem fim.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.