Raquel Landim

Jornalista especializada em economia, é autora de ‘Why Not’, sobre delação dos irmãos Batista e a história da JBS.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Raquel Landim
Descrição de chapéu Balanços

A nossa elite é uma desgraça

Com Alckmin estacionado, empresários começam a pensar em plano B para o segundo turno

 Ouvi a frase acima recentemente do dono de uma das maiores empresas brasileiras, alguém que não pode ser acusado de “comunista”. Ele comentava em um bate-papo informal –logo vou preservar seu nome– o quanto estava indignado com a preferência de alguns de seus pares por Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência da República.

Bolsonaro vem conquistando uma fatia do empresariado, que embora ainda seja modesta, chega a ser impressionante que exista, dado o desprezo do capitão reformado por alguns valores importantes para a democracia, como o respeito aos direitos humanos e às minorias.

Dois argumentos do seu discurso parecem convencer pelo menos uma parte dos donos do PIB: Bolsonaro representaria o novo na política –apesar de frequentar o Congresso há 27 anos– e estaria disposto a deixar o comando da economia nas mãos do banqueiro Paulo Guedes.

No primeiro turno, certamente a maioria dos empresários ainda aposta em Geraldo Alckmin (PSDB), ex-governador de São Paulo. Vários torcem –e o verbo é este mesmo– para que sua candidatura decole depois do início do horário eleitoral.

 O tucano representa algo já conhecido, e não tem muita gente disposta a tomar riscos com a economia brasileira em situação tão frágil. Ele também marcou pontos ao fechar a aliança com os partidos do centrão, o que pode garantir a aprovação de algumas reformas.

Mas, como Alckmin insiste em ficar estacionado em torno de 4% nas pesquisas, muitos empresários já começam a pensar num plano B para o segundo turno. E é aí que mora o perigo. Não são poucos os que iriam de Bolsonaro, se o rival for o petista Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo.

Neste caso, o que vai pesar é mais o antipetismo e menos a lógica, afinal o PT foi governo por três mandatos, e na maior parte do tempo ganhou-se muito dinheiro. 

A parcela mais abastada da população nunca gostou do partido, e essa antipatia se agravou depois da corrupção e do aparelhamento do Estado revelados pela Operação Lava Jato.

Vale lembrar, no entanto, que nossa elite já cometeu esse mesmo erro, quando bancou em 1989 um candidato aventureiro, de um partido inexpressivo, contra Lula, naquela época muito mais vocal contra os interesses do capital do que hoje. O final da história é amplamente conhecido.

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.