Raquel Landim

Jornalista especializada em economia, é autora de ‘Why Not’, sobre delação dos irmãos Batista e a história da JBS.

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Descrição de chapéu Balanços

O que motiva Temer a reajustar os salários dos juízes?

Medida pode complicar a vida de quem subir a rampa do Palácio do Planalto após as eleições

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Depois de ter prometido seguidas vezes que não o faria, o presidente Michel Temer rifou sua equipe econômica nesta semana e cedeu à pressão dos servidores públicos e do Poder Judiciário, concordando em incluir reajustes salariais para as duas categorias no Orçamento de 2019.

A medida tem potencial para complicar a vida de quem subir a rampa do Palácio do Planalto após as eleições presidenciais. Só no caso dos servidores públicos, o rombo é de R$ 6,9 bilhões. É menos dinheiro para educação, saúde, investimentos... 

As contas do Judiciário são mais difíceis de fazer, porque negociou-se a extinção do auxílio-moradia. Mas só de saber que os salários dos ministros do STF vão pular de R$ 33 mil para R$ 39 mil, com repercussões sobre todos os juízes, procuradores e defensores públicos do país, dá para imaginar o tamanho do problema.

Difícil mesmo de entender é a lógica de Temer. Seus assessores dizem que ele não quer arcar com o ônus político de não conceder os reajustes, enquanto nenhum dos candidatos à Presidência defende isso abertamente. Se é verdade, assusta a visão de curtíssimo prazo do mandatário do país.

Temer é o presidente mais impopular da história —82% dos brasileiros consideram seu governo ruim ou péssimo conforme o Datafolha— e seu candidato à sucessão, o ex-ministro Henrique Meirelles (MDB), tem 1% das intenções de voto. Seria até ingenuidade pensar que o reajuste aos servidores públicos e aos juízes vai mudar esse cenário faltando dois meses para as eleições.

Até pouco tempo existia uma expectativa entre empresariado, economistas e políticos de que Temer aproveitasse sua impopularidade para deixar a casa arrumada para o próximo presidente, na esperança de que a história fizesse justiça as realizações de seu mandato. Com os reajustes dessa semana, é pouco provável que isso aconteça.

Talvez a lógica de Temer se aproxime do inconfessável. A incongruência é tanta que abre espaço para teorias da conspiração. Estaria o presidente interessado em manter uma boa relação com aqueles que, quando acabar seu mandato, vão finalmente investigá-lo e quem sabe até julgá-lo pelas diversas suspeitas que pairam sobre sua conduta?

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