Raquel Landim

Jornalista especializada em economia, é autora de ‘Why Not’, sobre delação dos irmãos Batista e a história da JBS.

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Raquel Landim
Descrição de chapéu Balanços

O risco de votar em Haddad e eleger Bolsonaro

Deixou de ser impossível que o capitão reformado vença ainda no primeiro turno.

Já escrevi neste espaço sobre o risco que corre o eleitorado anti petista de votar em Jair Bolsonaro (PSL) e acabar elegendo Fernando Haddad (PT). Nesta sexta-feira (5), às vésperas das eleições, gostaria de falar também do perigo contrário: o de votar em Haddad e eleger Jair Bolsonaro.

O aumento da rejeição do ungido pelo ex-presidente Lula foi impressionante: 40% dos brasileiros dizem que não votariam nele de jeito nenhum, conforme a última pesquisa Datafolha. O percentual já se aproxima do de Bolsonaro, que chega a 45%.
 

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Os candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) - Reuters

Esses dados significam o seguinte: a ojeriza que uma parte do eleitorado tem do PT e da corrupção que se alastrou no país, aproxima-se da repulsa que outra parcela sente das posições machistas, homofóbicas e pró-tortura do capitão reformado.
 

Eleitores de esquerda podem argumentar que não são coisas comparáveis, porque os direitos humanos estariam acima da lisura da administração pública. Mas os números mostram que parte importante da população acha que são equivalentes.
 

O avanço de Haddad nas pesquisas nos últimos dias levou a uma arrancada expressiva de Bolsonaro, que chegou a 39% dos votos válidos, segundo o Datafolha – o que significa que é difícil, mas deixou de ser impossível que ele vença ainda no primeiro turno.

O discurso violento do candidato do nanico PSL “colou” e eleitores identificados com a direita acham que ele é o único capaz de vencer os petistas, embora os números mostrem que não é bem assim.
 

Na mais recente simulação de segundo turno do Datafolha, Bolsonaro e Haddad estão empatados dentro da margem e erro com, respectivamente, 44% e 43% das intenções de voto. Em confrontos com outros candidatos, como Ciro Gomes (PDT) ou até Geraldo Alckmin (PSDB), que tem rejeição mais baixa,

Bolsonaro e Haddad seguem competitivos, mas suas chances de perder são maiores do que quando competem um contra o outro.

Ou seja, a despeito das ofensas que trocam em público, certamente a campanha de Bolsonaro torce para ter Haddad como adversário no segundo turno e vice-versa. Tudo indica que seus desejos serão realizados, já que é pouco provável que uma candidatura de centro avance até domingo (7).  Os eleitores dos dois extremistas a direita e a esquerda— parecem convictos: mais de 80% diz que não mudaria seu voto.

De toda forma, sempre vale o apelo para que reflitam. Qual é o seu objetivo principal? Eleger Bolsonaro o novo presidente do Brasil, a despeito de sua falta de estrutura e qualificação, ou impedir que o PT volte ao governo? Eleger Haddad o novo presidente do Brasil ou impedir que uma plataforma extremamente conservadora tome conta da educação e dos costumes no país?

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