Raquel Landim

Jornalista especializada em economia, é autora de ‘Why Not’, sobre delação dos irmãos Batista e a história da JBS.

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Risco de recessão global é resultado da ignorância de Trump

Dizia-se que o corte de impostos promovido pelo republicano estava dinamizando a economia e gerando empregos

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Nesta semana, soaram os alarmes que anunciam uma nova recessão global. O apito mais estridente veio do mercado de títulos de dívida nos Estados Unidos, onde ocorreu um fenômeno que não se via desde 2007, antes da quebra do banco Lehman Brothers.

As taxas de juros dos títulos do Tesouro americano com vencimento em 10 anos chegaram a ficar abaixo dos papeis que maturam em dois anos. O movimento é um contrassenso. Empréstimos mais longos pressupõem juros mais altos porque embutem risco.

Quando as curvas se invertem, é sinal de que os investidores estão prevendo que a economia estará pior no futuro do que agora. E, efetivamente, esse fenômeno precedeu as últimas sete recessões nos Estados Unidos.

A movimentação pegou muita gente desprevenida. Não faz tanto tempo assim que o presidente Donald Trump –uma espécie de ídolo para seu colega brasileiro Jair Bolsonaro— vinha sendo festejado pelo forte desempenho dos EUA.

Dizia-se que o corte de impostos promovido pelo republicano estava dinamizando a economia e gerando empregos. E, por conta desses bons resultados, parte do mercado fazia vistas grossas aos efeitos danosos da guerra comercial iniciada por ele contra a China que já dura mais de um ano. Agora a paciência acabou.

 “A culpa dessa recessão que se avizinha é da ignorância de Trump”, disse à coluna a economista Mônica de Bolle, pesquisadora do Peterson Institute, em Washington. Ela explica que o presidente americano simplesmente não entende como funcionam os mecanismos econômicos.

Trump começou a elevar tarifas de importação contra a China baseado na crença de que os EUA sofriam uma competição desleal. Seu raciocínio era simplório: se a entrada dos produtos chineses fosse barrada, as indústrias americanas iriam renascer.

O problema é que o déficit comercial dos Estados Unidos ocorre por causa do excesso de consumo dos americanos.

Ao contrário de China e Alemanha, os EUA consomem mais do que investem, logo sua necessidade de produtos é suprida pelo exterior.

Em situações como essa, se a via de importação de insumos e produtos acabados fica obstruída, a indústria e o varejo vão reduzindo suas margens de lucro, a espera que os políticos recobrem o juízo.

Eventualmente não conseguem mais segurar. Os preços sobem e o consumo cai, prejudicando a economia.

Como não consegue admitir que errou ao escalar a guerra comercial, Trump passou a jogar a culpa no Federal Reserve, que hesita em baixar os juros, porque ainda não conseguiu medir o tamanho do estrago. Só que, ao colocar em dúvida a independência do banco central, o presidente americano agrava a situação.
 
O que torna tudo ainda pior é que os Estados Unidos são a maior economia global. Indicadores econômicos ruins já aparecem na Alemanha, na China e nas mais diversas economias. Se o solavanco for realmente forte, a ignorância de Trump vai custar caro para todo o planeta, inclusive para o Brasil.

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