Se mil famílias de alta renda no Brasil seguirem o exemplo de empresários que já se comprometerem a doar R$ 100 milhões cada um para filantropia em 50 anos chega-se um fundo de R$ 100 bilhões.
É a conta que fazem Elie Horn (Cyrela), Rubens Menin (MRV) e Eugênio Mattar (Localiza), o trio de fundadores do Movimento Bem Maior, plataforma nascida para fomentar a cultura de doação e apoiar projetos e ações de impacto social no país.
“O Movimento Bem Maior quer trazer outras pessoas, é ousado. Nós já nos comprometemos com a ideia de que o movimento deve ser significativo e duradouro. Cada um de nós nos comprometermos a investir R$ 100 milhões em 50 anos”, explicou Eugenio Mattar, na Converge Capital Conference, nesta quinta-feira (13), no Rio de Janeiro.
Os três fundadores do movimento participaram do painel “Como a filantropia estratégica pode alavancar os esforços individuais para contribuir com os desafios brasileiros”, ao lado de Nathalie Klein, CEO da NK Store e fundadora do Instituto Samuel Klein.
Ao falar para uma plateia de representantes de famílias de alta renda, investidores e executivos do mercado financeiro e de fundações e institutos, os integrantes do Bem Maior partiram do próprio compromisso firmado entre os seis fundadores. “Se multiplicarmos por mil as doações, vamos mudar esse país", completou Menin.
Outra meta do Bem Maior é dobrar o volume de recursos investidos em causas sociais no país de 0,2% do PIB para 0,4% em dez anos.
O movimento é capitaneado por Horn, o primeiro brasileiro a aderir ao The Giving Pledge, quando assumiu em 2015 o compromisso de doar 60% da sua fortuna pessoal em vida.
“Já doei um terço do que me comprometi, faltam dois terços”, calculou o fundador da Cyrela, no painel, em que conclamou os ricos presentes a fazerem o bem.
Representante da nova geração, Natalie Klein falou da experiência da família à frente do Instituto Samuel Klein, criado para preservar o legado do avô.
“Ele dizia que a sua responsabilidade é tão grande quanto seu privilégio”, recordou-se a neta, que se viu diante de um dilema após a morte do sobrevivente de campo de concentração que construiu um império no varejo no Brasil, as Casas Bahia. “Quem vai tocar o legado intangível do meu avô?”
A resposta veio com um foco mais estratégico para o instituto que leve o nome dele, braço filantrópico da família criado em 2014. “Apoiamos 26 projetos escolhidos de acordo com os eixos de educação e tradição e cultura judaica e aplicamos métricas e avaliação de impacto”, explicou Natalie, sobre o papel de aceleração e estruturação dos projetos sociais selecionados para aporte de recursos.
No caso do Movimento Bem Maior, a missão também passa pelo fomento do ecossistema de filantropia e de investimento social privado. “É a partir dessa ideia que conseguiremos fortalecer o terceiro setor, criando uma agenda comum e inclusiva, capaz de articular estratégias para o desenvolvimento social do país”, defendeu Carola Matarazzo, diretora-presidente do movimento.
A editora do Empreendedor Social viajou a convite da organização da Converge Capital Conference
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