Moradoras do Grajaú realizaram na tarde desta quarta-feira (3) uma manifestação em solidariedade à médica Ticyana D’Azambujja, agredida por frequentadores do Baile do Covid-19, série de “Festas do Corona” realizadas no bairro da zona norte do Rio de Janeiro.
Convocado para 16h, o protesto reuniu cerca de 150 pessoas na praça Edmundo Rêgo. O ato foi também em repúdio às baladas movidas a álcool e drogas que ferem as regras de distanciamento social impostas para tentar conter o avanço do coronavírus na cidade e no país.
De máscara, muletas e vestida de branco, a médica compareceu ao ato e foi recebida por faixas de apoio: “Grajaú respeita as minas”, “Força Ticy”, “Violência contra a mulher não é o mundo que a gente quer”. Os manifestantes também gritaram palavras de ordem: "Justiça" e "Mais amor e menos ódio".
O protesto terminou em frente ao batalhão do Corpo de Bombeiros, na rua Marechal Jofre, vizinho à casa onde os bailes eram promovidos de forma clandestina e com a presença de policiais militares.
“Desde o início da quarentena, as festas vem sendo feitas e denunciadas sem que nada fosse até o incidente do último sábado”, afirma Maíra Fernandes, advogada da médica.
Ticyana teve o joelho quebrado e as mãos pisoteadas por cinco homens após ser ignorada ao reclamar do barulho e ter danificado o carro de um PM que estava na festa.
“O ato de hoje é importante ainda para reunirmos quem mais viu a cena, fez fotos ou vídeos e possa testemunhar”, diz a advogada. “O momento agora é de auxiliar as autoridades policiais na investigação do crime e reunir o maior número de informações e provas.”
A defesa da médica já recebeu novas imagens que mostram mais detalhes das agressões para ajudar na identificação dos agressores.
A universitãria Ariel dos Anjos, 21, uma das organizadores do ato, diz que o "Grajaú acordou" para a gravidade do fato. Ela presenciou a chegada da PM no sábado, chegou a ligar para o 190, e ficou incomodada com o compartamentos dos envolvidos.
"Enquanto a Ticyana foi levada para a viatura, os homens se comportavam como se nada tivesse acontecido", diz a moradora do bairro, que participou de panelaços contra as "Festas do Corona".
Quando se deu conta da violência sofrida pela médica, Ariel e outros vizinhos decidiram organizar o ato de repúdio, levando em conta os cuidados em tempos de pandemia.
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