Eliane Trindade

Editora do prêmio Empreendedor Social, editou a Revista da Folha. É autora de “As Meninas da Esquina”.

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Luiza Brunet vai se candidatar a deputada federal pelo PSDB

Ex-modelo e ativista vai concorrer por São Paulo nas próximas eleições e terá como pauta direitos da mulheres

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São Paulo

A ex-modelo Luiza Brunet, 59, vai se candidatar a deputada federal pelo PSDB, após aceitar convite do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia.

Ativista dos direitos da mulher desde que vivenciou episódio de violência doméstica em 2016, ela se reuniu nesta quinta-feira (7) com o presidente do PSDB paulista, Marco Vinholi, para acertar o lançamento da candidatura a uma vaga na Câmara dos Deputados nas próximas eleições por São Paulo.

Assediada por diversos partidos, a ex-modelo falou com a Folha sobre o que a levou a entrar para a política.

Por que você decidiu entrar para a política?

Eu me dei conta desde muito cedo que foram as atitudes que tomei que fizeram de mim a mulher que sou hoje, prestes a fazer 60 anos em 24 de maio. Considero que toda a minha história me trouxe uma experiência e uma expertise que podem ser usadas em favor das mulheres.

Principalmente, as violências que sofri, uma pauta muito pungente agora.

A decisão de entrar na política é também pela posição de ativista que conquistei, de falar para mulheres de todo o Brasil e participar de eventos internacionais, nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia.

Como deputada vou ter mais oportunidade de alavancar políticas públicas. Recentemente, participei da discussão de uma pauta muito importante no Congresso Nacional, que é o Estatuto da Vítima.

Engloba não só violência contra mulher, mas violações em catástrofes como a de Brumadinho. Essas pessoas precisam ser recompensadas e o estatuto será de grande valia.

Por que escolheu o PSDB?
Fui procurada por vários partidos. A pauta da mulher é maior do que qualquer partido. O importante é escolher aquele que de fato dê prioridade às pautas femininas.

Não pode ser só discurso nem para resolver a questão das cotas. É importante alavancar essas pautas, que precisam ser vistas com responsabilidade.

Como foi o convite para concorrer por São Paulo?

Partiu deles, que me chamaram para uma conversa. Foi uma escolha difícil, pois fui procurada por outros partidos e todos me receberam bem.

São Paulo é uma cidade que me acolheu e tem importância grande no contexto brasileiro. Parte da minha família mora aqui, tenho uma história com São Paulo. Tive uma conversa ótima com o governador Rodrigo Garcia e depois com Vinholi. Encontrei outro dia com João Doria. Decidi me filiar ao PSDB.

Quando teve a emancipação de Búzios, fui muito ativa e cheguei a ser convidada para ser candidata a prefeita. Não me interessei. Mas hoje vejo oportunidade para entrar na política de uma forma mais madura. São vários os fatores, entre eles, termos mais mulheres na política.

Não teme entrar na disputa só para que a cota seja cumprida?

Fui muito clara com todos. Não estou na política para dar visibilidade nem puxar voto, mas para trabalhar e ter oportunidade de fazer algo concreto pelas mulheres. Caso contrário continuo sendo ativista.

É importante termos cada vez mais mulheres na política para tirar esse déficit democrático de representatividade feminina no mundo contemporâneo.

É importante termos representação igualitárias de homens e mulheres no direcionamento do país. Para além das cotas, afinal as mulheres são maioria; Somos 52% da população.

Como se coloca diante da polarização política que divide o país?

A polarização existe, mas não gosto. Não sou radical em nada na minha vida. Minha ideologia é a das mulheres. Quem estiver nessa pauta tem meu apoio. Independentemente de ser direita ou esquerda.

Qual vai ser a sua plataforma política?

Tudo que diz a respeito à mulher, de maternidade a tráfico humano. Estive recentemente em Pacaraima, vendo a situação das refugidas. Fui convidada para ir a Aleppo, na Síria.

Tenho me envolvido cada vez mais com pautas humanitárias no mundo. Participei de eventos para mulheres imigrantes brasileiras, que precisam saber que têm direitos. Muitas delas são aliciadas para trabalho escravo ou sexual.

Também é preciso pensar políticas públicas para homens, tratar de questões como alcoolismo e doenças mentais, até como forma de minimizar violências contra mulheres. Eles devem ser cuidados.

Como é sua atuação como ativista dos direitos da mulher?

Participei de um congresso com mulheres na Índia, quando vi que a violência doméstica é a mais democrática no mundo. Fiz mais de 80 viagens internacionais para falar sobre direitos das mulheres, a convite de ONGs, da ONU, das embaixadas brasileiras no exterior.

Participei da abertura do espaço da mulher no Consulado Brasileiro em Nova York. Participei de eventos do governo com a ex-ministra Damares, de lançamento de campanhas nacionais de temas como automutilação de crianças. Sou embaixadora de vários movimentos.

Como o episódio de violência doméstica impactou a sua vida e a sua carreira?
Para falar de violência doméstica preciso voltar lá atrás, quando tinha 6 anos de idade. Meu pai era alcoólatra, minha mãe costurava para fora para nos sustentar.

Depois de assistir violência doméstica como criança, fui vítima na adolescência e também adulta. Aos 12 anos, fui trabalha como empregada doméstica e sofri o primeiro abuso sexual. Aos 16, fui emancipada para casar.

Então, comecei a trabalhar como modelo por acaso, pois o meu desejo era ser cabeleireira e ter meu negócio.

Como modelo sofria assédio moral e sexual. Só agora com movimentos como Me Too as modelos entenderam que não precisam se sujeitar, embora muitas ainda hoje se sujeitem por necessidade. São mães solo, provedoras.

Quando fui vítima de violência como uma mulher adulta, já conhecia todas as formas de violência, o que me chancelou a falar com o sentimento de quem sofreu. O que legitima minha fala. Quando mulheres na mesma situação me pedem ajuda, eu me coloco no lugar delas.

Não tem idade nem classe social para sofrer violência. A mulher pode ser provedora ou não. Pode ser branca, bonita, de educação elevada. A violência doméstica é democrática em todos os sentidos, embora negras e pobres sofram mais como mostram as estatísticas.

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