Renata Mendonça

Jornalista, comenta na Globo e é cofundadora do Dibradoras, canal sobre mulheres no esporte.

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Renata Mendonça

A Copa é finalmente delas

Interesse pelo Mundial feminino faz com que atual edição já seja histórica

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Minha primeira memória do futebol vem de uma Copa do Mundo. Eu tinha cinco anos em 1994 e lembro claramente a imagem de Bebeto embalando um bebê imaginário na comemoração de um gol ao lado de Romário.

As memórias futebolísticas de Copa são muitas depois disso. Teve a inexplicável convulsão de Ronaldo em 1998, o mesmo camisa 9 com cabelo de Cascão em 2002, o Roberto Carlos arrumando a meia na Copa do quarteto mágico em 2006, a decepção do segundo tempo contra a Holanda em 2010, os inesquecíveis 7 a 1 em 2014, a dolorosa derrota para a Bélgica em 2018. Posso fechar os olhos e rever todos esses lances em questão de segundos.

Desde 2015, quando comecei a fazer parte do podcast das Dibradoras falando de Copa do Mundo de futebol feminino, parei para pensar qual teria sido minha primeira memória delas --mulheres-- em um Mundial. E percebi que eu não tinha nenhuma. Para ser mais precisa, tinha alguma lembrança da Copa de 2011, quando já era jornalista esportiva na ESPN e me pediram para fazer algo sobre a seleção feminina. Era aquela coisa, eu era a única mulher da redação, então ficava para mim a função de ver o que estava acontecendo com o time de Marta, a jogadora cinco vezes melhor do mundo à época.

Sem contar esse momento em que a Copa do Mundo feminina cruzou meu caminho profissionalmente, eu não tinha nenhuma memória dela de antes. Nada, nem mesmo da final que o Brasil disputou em 2007, ou da semifinal em que a seleção goleou o poderoso Estados Unidos por 4 a 1 com direito a um gol antológico de Marta. 

E eu poderia apostar que se a gente perguntasse na rua quais são as memórias que as pessoas têm de uma Copa do Mundo das mulheres, a imensa maioria das respostas seria: nenhuma. No país do futebol, a bola e o campo sempre foram territórios masculinos. E é nesse contexto que o Mundial que começa nesta sexta (7) na França aparece para ser um marco.

Se você ligou a TV nos últimos meses, provavelmente cruzou em algum momento com algum programa falando sobre a Copa do Mundo feminina. Da Ana Maria Braga até a Fátima Bernardes, passando pelo Globo Repórter, Esporte Espetacular, e até pelo Galvão Bueno. Todos dedicaram um tempo para falar sobre a seleção brasileira das mulheres e o desafio que elas terão na França no Mundial. É a primeira Copa feminina da história a ser transmitida pela Globo, e com o tamanho da audiência da maior emissora do Brasil, dá para dizer que finalmente as pessoas poderão conhecer de fato o futebol feminino.

Marta durante treino da seleção brasileira
Marta durante treino da seleção brasileira - Rener Pinheiro/ MoWAPress

Já é possível ver uma movimentação nas grandes empresas para engajar os funcionários para assistirem aos jogos do Brasil durante a jornada de trabalho. Aquele fenômeno que acontece por aqui quando é Copa e tudo para no país para ver a seleção masculina jogando, agora começa --guardadas as devidas proporções-- a acontecer também com a seleção feminina. O Boticário, a Heineken, a P&G , até o Grupo Votorantim já anunciaram que vão parar as atividades durante os jogos do Brasil para que os funcionários possam acompanhar e torcer pela seleção brasileira no Mundial feminino. Teve até pintura em muros da cidade de São Paulo em homenagem às mulheres do nosso futebol.

E esse movimento é mundial. Em Paris, no entorno do Parc des Princes --estádio da abertura--, a quantidade de caminhões de televisão chama a atenção para essa Copa. A movimentação da cidade, o recorde de ingressos vendidos, as entradas esgotadas para abertura, semifinais e final, evidenciam que esse Mundial já é histórico.

Finalmente, a Copa será delas também.

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