Renata Mendonça

Jornalista, comenta na Globo e é cofundadora do Dibradoras, canal sobre mulheres no esporte.

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Marta 'minimiza' seu feito para ressaltar a luta por igualdade

Importância da jogadora brasileira vai muito além dos gramados

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Não é que ela precise de mais algum grande feito na vida. Marta mudou a história do futebol entre as mulheres. Isso já é o suficiente para colocá-la no hall dos maiores atletas de todos os tempos. No jogo contra a Austrália, ela foi além. Não só pelo gol e por mais uma marca alcançada na carreira. Mas principalmente pela forma com que escolheu chamar a atenção para isso.

"Meu novo recorde? Isso é uma igualdade de todas as mulheres. Não sei se vocês perceberam [aponta para a chuteira com 2 retângulos divididos na metade, um lado rosa, outro azul]. Então, não gosto de falar, gosto de mostrar. Que a imagem possa falar por si só", disse na saída do jogo.

Ao converter o pênalti contra a Austrália, Marta chegou aos 16 gols em Copas do Mundo, igualando o recorde do alemão Miroslav Klose e compartilhando com ele a artilharia do Mundial. Ao falar sobre isso, a mensagem da camisa 10 foi clara: igualdade de gênero. Que é o que Marta e suas companheiras em campo buscam nessa Copa —nem maior, nem menor atenção do que a seleção dos homens, apenas a mesma visibilidade.

Por isso a importância de Marta vai muito além dos gramados. Com seus inúmeros feitos e recordes e prêmios da Fifa, ela fez com que o futebol feminino fosse visto. Foi assim que Geyse, 21, a jogadora mais jovem dessa seleção, que por sinal também é de Alagoas, descobriu no futebol um sonho possível.

Aos 8 anos, quando viu Marta conquistar pela primeira vez o prêmio de melhor jogadora do mundo, a garotinha que jogava bola nas areias de Maragogi se imaginou chegando lá também, e acreditou que a bola não era só "coisa de menino" e poderia ser dela também.

Ao fazer o seu 16º gol em Copas e "minimizar" seu feito para ressaltar a luta por igualdade, Marta foi mais uma vez gigante. Mostrou que as mulheres podem chegar aonde quiserem, até mesmo ao posto de maior artilheira da história do Mundial.

Derrota dolorida

Falando do jogo diante da Austrália, o Brasil surpreendeu no primeiro tempo pelo nível de atuação que conseguiu ter em campo. Havia muito que essa seleção de Vadão não conseguia fazer frente a nenhuma adversária top 10 do ranking mundial. 

Na estreia, a defesa cheia de buracos deixou as modestas jamaicanas chegarem por diversas vezes. Contra a Austrália, um outro esquema e uma postura muito elogiável no primeiro tempo.

Vadão estava insistindo no uso do 4-2-4, com apenas Thaisa e Formiga no meio-campo, e muitas ligações diretas que acabavam em passes perdidos, deixando a defesa exposta. Diante das australianas, ele jogou num 4-3-3, com Marta mais centralizada e Formiga mais recuada.

O Brasil jogou como nunca os primeiros 45 minutos, esperando a Austrália chegar, dando o bote e armando contra-ataques rápidos e certeiros comandados por uma Marta muito inspirada e com fome de bola. Tamires foi outro destaque do jogo na lateral esquerda, e a jogada do segundo gol começou com um lindo drible dela e uma enfiada para Debinha cruzar na cabeça de Cristiane.

Mas a seleção pareceu não acreditar que podia vencer. Tomou um gol nos acréscimos antes de ir para o intervalo e voltou completamente desconcentrada. 

Sem Marta e Formiga, substituições que o técnico se disse forçado a fazer por questões físicas, Andressa Alves assumiu a função de armação e a jovem Luana teve a difícil missão de suprir a ausência da nossa jogadora mais experiente em campo.

A seleção parou de jogar, errou muitos passes, algumas finalizações e voltou a ter falhas defensivas. O nervosismo tomou conta, e as australianas souberam se aproveitar disso para virar a partida: 3 a 2.

No melhor jogo da seleção nos últimos meses, o Brasil saiu derrotado. Mas ainda há esperança. Com esse esquema, há muito mais chance de vencer a Itália e crescer na competição.

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