Renata Mendonça

Jornalista, comenta na Globo e é cofundadora do Dibradoras, canal sobre mulheres no esporte.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Renata Mendonça
Descrição de chapéu Futebol Feminino

Já é hora de o Flamengo assumir o futebol feminino

Equipe disputa final do Carioca contra o Fluminense

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Quem já esteve nas arquibancadas do estádio da Gávea acompanhando um jogo das mulheres que vestem a camisa rubro-negra com certeza já ouviu esse grito. “Não é mole, não. Assume logo o feminino do Mengão”.

Isso porque ali no campo é Flamengo, mas também é Marinha. E, na prática mesmo, é mais Marinha do que Flamengo. Não à toa uma decisão da Marinha deixou o time feminino fora da Libertadores deste ano porque a prioridade era disputar os Jogos Mundiais Militares.

No próximo sábado, o Flamengo/Marinha enfrentará o Fluminense valendo o título carioca no estádio luso-brasileiro na Ilha do Governador. Esse é o quarto estádio onde o time rubro-negro manda os jogos do feminino neste ano: já teve na Gávea, no Cefan, em Cariacica (ES) e agora na casa da Portuguesa-RJ.

Bandeira de escanteio com as cores do Flamengo no estádio do Maracanã
Bandeira de escanteio com as cores do Flamengo no estádio do Maracanã - Sergio Moraes - 25.set.2019/REUTERS

Assim, dá pra dizer que o Flamengo feminino não tem exatamente uma casa pra jogar, assim como até pouco tempo atrás nem tinha uniforme feito pra elas - era tudo improvisado com o que sobrava do masculino. Hoje, as mulheres treinam na Marinha, recebem salário da Marinha e vestem a camisa do Flamengo, que arca com custos de logística e “dá todo o suporte”, segundo Vítor Zanelli, vice-presidente do futebol de base, que é o departamento responsável por cuidar do feminino. 

É curioso que o clube mais rico do Brasil tenha optado por “terceirizar” seu time feminino, abrindo mão, inclusive, de decidir que torneios vai disputar ou quais jogadoras irá contratar - até este ano, o Flamengo não podia ir ao mercado para trazer atletas, porque para fazer parte do time, a jogadora teria que passar pelo processo seletivo da Marinha.

Somente agora o clube conseguiu a autonomia de poder contratar e trouxe seis jogadoras para compor o elenco na parceria. 

“Nós queremos fidelizar o futebol feminino e ajudar a modalidade a crescer ainda mais no Brasil”, disse o dirigente rubro-negro. Mas como é possível fidelizar o futebol feminino se o time principal do Flamengo nem estádio fixo tem pra jogar? Como fidelizar se o clube não assume por completo a gestão da modalidade e, pelo contrário, abre mão dela como quem “não quer se envolver muito” na relação? 

Não precisa ir muito longe pra ver o exemplo. O próprio Fluminense, adversário nesta final, também tem uma parceria,mas trouxe isso para dentro do clube. Com as “Daminhas da Bola”, a equipe tricolor criou categorias de base, chegou às finais do Estadual do Rio no adulto e no sub-18 e, mesmo com o clube cheio de dívidas, a opção foi de assumir por completo a gestão do feminino. 

Indo para São Paulo, o Flamengo pode observar o exemplo do Corinthians, seu adversário direto na briga pela “maior torcida do país”. O clube voltou a investir no futebol feminino em 2016 em uma parceria com o Audax, assumiu a gestão própria em 2018 e ganhou tudo desde então - uma Copa do Brasil, um Brasileiro e duas Libertadores.

No sábado, disputará a final do Paulista contra o São Paulo com grandes chances de casa lotada: acostumado a jogar no Parque São Jorge, o Corinthians desta vez levou as mulheres para a Arena e distribuiu todos os 36.800 mil ingressos para a partida de sábado, às 11h - um novo recorde se aproxima.

Será que o clube da maior torcida do Brasil e do maior poder de investimento não poderia fazer mais pelo futebol das mulheres?

LINK PRESENTE: Gostou desta coluna? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.