Renata Mendonça

Jornalista, comenta na Globo e é cofundadora do Dibradoras, canal sobre mulheres no esporte.

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Renata Mendonça
Descrição de chapéu São Paulo

Maduro, São Paulo com a cara de Diniz dobra número de gols em 2020

Próximo dos 100 gols marcados, time oscila menos e consegue vitórias mesmo em dias ruins

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Se no dia 29 de julho deste ano alguém tivesse dito: “O São Paulo vai terminar 2020 líder do Brasileiro com sete pontos de vantagem para o segundo colocado”, a frase soaria tão absurda quanto soa hoje a de Jair Bolsonaro sobre tomar vacina e virar jacaré.

Aquele foi o dia em que o time comandado por Fernando Diniz fez um dos seus piores jogos na temporada, levando 3 a 2 do Mirassol e sendo eliminado nas quartas de final do Campeonato Paulista em pleno Morumbi.

Detalhe: o Mirassol que havia sofrido um desmonte durante a parada e formou um novo time às pressas. Que teve o atacante Zé Roberto entrando em campo sem treinar para fazer dois dos três gols do time do interior naquela noite.

Quer dizer, naquele momento, Fernando Diniz era o técnico que tinha boas ideias, mas nunca conseguiria resultados. Um prato cheio para torcedores (e também para alguns jornalistas) brasileiros que amam ganhar, mas não entendem que vitórias ou derrotas no futebol são parte de um processo. Títulos, aliás, costumam ser consequência dele. Só que aqui raramente os processos acontecem –quase sempre, acabam interrompidos.

Como parecia iminente a interrupção do trabalho de Diniz no São Paulo depois do acúmulo de eliminações consideradas “vergonhosas”. Primeiro, essa para o Mirassol. Depois, a queda na primeira fase da Libertadores. Ao longo desse período, o São Paulo fez muitos jogos ruins e apresentou alguns minutos de bom futebol. Oscilava demais.

Em determinado momento, até eu, que sempre defendi o trabalho de Diniz (por gostar das suas ideias e também por entender que qualquer treinador precisa de tempo para aplicar seus conceitos), achei que não daria certo.

Foi no início de outubro, quando o São Paulo enfrentou o Coritiba no Couto Pereira, saiu perdendo com um gol logo no início da partida e, a partir daí, diante de uma defesa bastante fechada, só soube alçar bolas na área. Foram mais de 40 ao longo dos 90 minutos. A característica dos times comandados por Diniz sempre foi de bola no chão. Naquela partida, parecia que as ideias do treinador não estavam sendo bem assimiladas pelos jogadores.

Técnico do São Paulo, Fernando Diniz, com agasalho vermelho apontando para frente
Fernando Diniz, técnico do São Paulo, em treino do time - Rubens Chiri - 16.out.20/saopaulofc.net

Só que, na verdade, ideias precisam de tempo para serem aplicadas. Se naquele momento o São Paulo não sabia o que fazer quando encontrava uma defesa muito fechada –e recorria apenas a cruzamentos–, hoje o time já mostra um repertório ofensivo muito mais interessante.

A bola circula, às vezes sem tanta pressa de chegar ao gol, mas nunca sem saber para onde está indo. Cada ação e movimentação é feita com um objetivo: criar espaços. Hoje, o São Paulo é a cara do Diniz. Tem toques curtos, aproximação, os meias se movimentando bastante de um lado para o outro.

O resultado é que, em 2020, o time se aproxima dos 100 gols marcados (foram 98 até agora em 53 jogos). A média é de 1,84 por jogo, quase o dobro da do ano passado, quando o São Paulo registrou a pior média da sua história –56 gols em 60 jogos, média de 0,93. O artilheiro de 2019 foi Pablo, com apenas 7 gols no ano. Em 2020, Brenner ocupa esse posto com 22 gols.

Esses números não representam títulos. Mas se não é preciso jogar bem para ganhar jogos, é fato que um time fica muito mais próximo das vitórias quando consegue manter um bom desempenho nas partidas. E esse talvez seja o principal mérito de Diniz em mais de um ano de trabalho no time do Morumbi. O São Paulo oscila menos e está mais maduro para conseguir vitórias mesmo em dias ruins.

Será suficiente para sair da fila? Fato é que nunca esteve tão perto disso.

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