Renata Mendonça

Jornalista, comenta na Globo e é cofundadora do Dibradoras, canal sobre mulheres no esporte.

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Conquista do São Paulo não foi sorte, como disse Abel Ferreira

Título do Campeonato Paulista é fruto de muito trabalho da equipe tricolor

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Ao contrário do que disse o técnico Abel Ferreira na coletiva após a final do Paulista, o São Paulo não foi campeão porque “teve sorte”. Há muitas explicações para um título, e a sorte pode até fazer parte delas, mas nunca vai resumir o mérito de um campeão.

O Palmeiras também teve “sorte” no jogo de volta da semifinal da Libertadores de 2020 quando viu um gol ser anulado por impedimento e um pênalti ser revisado em corretas intervenções do VAR, que garantiram a classificação do time de Abel à decisão.

Mas não foi por ela que a equipe alviverde se sagrou campeã contra o Santos em um jogo um pouco entediante. A única chance real de gol foi convertida pelo Palmeiras, que conquistou seu bicampeonato não pelo que fez no Maracanã, mas por toda a construção da campanha na Libertadores, que garantiu a chamada “glória eterna”.

Em tão pouco tempo no Brasil, Abel Ferreira já vivenciou a dor e a delícia de ser treinador de futebol por aqui, o país que enaltece técnicos com o mesmo entusiasmo e a mesma rapidez com que os tritura. De um dia para o outro, vai de herói a vilão, sem qualquer meio-termo entre os dois. Foi assim com ele, campeão da Libertadores três meses após ter desembarcado deste lado do Atlântico e eliminado do Mundial sem ter marcado nenhum gol algumas semanas depois.

Por essas e outras, poderia ter tido uma postura mais respeitosa com o rival após o título perdido. Um treinador que tem tanto a oferecer ao futebol brasileiro, um estudioso e, acima de tudo, um apaixonado pelo jogo, sabe que há análises mais profundas a serem feitas depois dessas finais que deram o título ao São Paulo. Tem muita coisa por trás do chute de Luan que inaugurou o placar no Morumbi.

Ser campeão é um processo. E há etapas importantes dele que precisam ser respeitadas. O São Paulo de 2012 até 2019 teve 16 técnicos, colecionou eliminações, passou por diversas reformulações de elenco, elegeu vilões e viu todos eles saírem do clube para serem campeões vestindo outras camisas enquanto amargava uma fila incômoda.

No fim de 2019, o time contratou Fernando Diniz com a ideia de montar um time ofensivo, resgatando a essência do “futebol bonito” dos tempos de Telê Santana. Com ele no comando, o clube fez uma contratação (troca de Everton por Luciano). Quem precisou assumir protagonismo foram os meninos de Cotia —que, obviamente, oscilaram ao longo dos jogos, já que eram jogadores em formação. A cobrança era forte, Gabriel Sara que o diga, um dos maiores alvos das críticas de uma torcida sedenta por título e impaciente demais para esperar o processo que levaria até ele.

O São Paulo de 2020, na teoria, não tinha elenco para competir com Flamengo, Palmeiras e Atlético-MG. Mas competiu. Liderou o campeonato, chegou às semifinais da Copa do Brasil e quase acabou com a seca.

O São Paulo de 2021 estava mais pronto que o de 2020. Mais reforçado e confiante. Os meninos de Cotia passaram pelas decepções da final do Paulista de 2019, do Brasileiro e da Copa do Brasil do ano passado para amadurecerem a ponto de terem coragem de chutar aquela bola, como fez Luan, conhecido por sua imposição física, não pela capacidade de finalização. A sorte premia o trabalho.

Luan comemora o gol que abriu caminho para a vitória final - Nelson Almeida/AFP

É simbólico que os dois gols da final tenham vindo de um menino de Cotia e da única “contratação” do clube em 2020 (Luciano). Mostra que o São Paulo passou pelo processo e, com o grande mérito de Hernán Crespo no comando, saiu da fila.

Para resumir da maneira mais simples a “sorte” tricolor, fico com o slogan de Muricy Ramalho, outro protagonista do título: “Aqui é trabalho, meu filho”.

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