Renata Mendonça

Jornalista, comenta na Globo e é cofundadora do Dibradoras, canal sobre mulheres no esporte.

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Palmeiras está bem servido de camisa 10

Clube conta com atacantes modernos em Luiz Adriano e Bia Zaneratto

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Houve um tempo (início da década de 1930) em que se convencionou fixar números de camisas a posições dos jogadores em campo num jogo de futebol. Foi assim que o goleiro passou a ser camisa 1, lateral direito camisa 2, o esquerdo camisa 6, enquanto 3 e 4 eram zagueiros, 5 era o que hoje nomeamos “primeiro volante”, 8 era o “segundo volante”, 7 o ponta-direita, 9 o centroavante e 10 o meia-atacante (que também já foi ponta de lança ou segundo atacante).

Hoje em dia, isso já faz parte do que chamam “futebol raiz”. Há alguns times que ainda mudam a numeração dos jogadores a depender da função que eles exercerão em campo a cada jogo. Outros, que multiplicaram a contagem fazendo o 9 virar 90 ou 99. Mas essa convenção de números e posições até hoje é usada para definir as características de um jogador. “Fulano é o camisa 10 clássico.” “Ciclano é um 9 moderno.”

Luiz Adriano usa a camisa 10 e atua como um camisa 9 moderno - Cesar Greco - 30.mai.21/Palmeiras/Divulgação

O Palmeiras tem ambos em um só jogador(a). No time comandado por Abel Ferreira, a 10 ficou com Luiz Adriano. Na equipe feminina treinada por Ricardo Belli, a 10 é de Bia Zaneratto. Ambos sabem ser 9 e 10 ao mesmo tempo, pela movimentação em campo, pelos espaços que criam, pela capacidade de finalizar e pela habilidade na hora de deixar os marcadores para trás.

Quem tem acompanhado os jogos do Palmeiras de Abel vê a importância de Luiz Adriano no sistema ofensivo do português. Com a velocidade de Rony para chegar à frente, o camisa 10 usa sua inteligência para sair da área e municiá-lo, como fez neste domingo diante do Flamengo no Campeonato Brasileiro, em um lance que obrigou Diego Alves a fazer bela defesa. Mas Luiz Adriano não é meia. Ele também exerce a função de centroavante, entrando na área e se posicionando bem –como havia feito minutos antes desse lance na chegada mais perigosa do Palmeiras em toda a partida, que parou na defesa espetacular do goleiro flamenguista.

Na Libertadores de 2020, Luiz Adriano fez cinco gols em sete jogos e não deu nenhuma assistência. Na de 2021, ele fez um gol e deu duas assistências em cinco jogos, um dado que mostra um pouco da mudança de função que exerce hoje. Luiz Adriano nunca foi centroavante fixo, sempre saiu da área pra buscar jogo e criar espaço –chamam isso de “centroavante moderno” hoje em dia.

Mas, no Palmeiras atual, é mais um 9 que joga de 10, para definir de forma simples. Sem abandonar seu cacoete de centroavante, virou também um excelente articulador do ataque e, em um passe, define uma jogada.

Vamos ao Palmeiras de Ricardo Belli agora. No Brasileiro feminino, o time alviverde é vice-líder, tem o segundo melhor ataque e a melhor defesa do campeonato. O segredo ofensivo passa muito pelos pés (e cabeça) de Bia Zaneratto, atacante da seleção brasileira e camisa 10 palmeirense.

Jogadora com uniforme verde salta e dá um soco no ar
Bia Zaneratto comemora gol pelo Palmeiras no Campeonato Brasileiro - Fabio Menotti - 30.mai.21/Palmeiras

A importância dela se reflete nos números: Bia participou diretamente de 50% dos 30 gols marcados pelo Palmeiras até aqui. Em dez oportunidades, foi ela quem botou a bola na rede (artilheira absoluta do Brasileiro), e em cinco serviu suas companheiras com passes decisivos.

Bia Zaneratto surgiu na Ferroviária como uma camisa 10 “clássica”, meia-atacante. Quando foi jogar na Coreia do Sul, passou a treinar de centroavante a pedido do técnico, que queria aproveitar mais seu porte físico e capacidade de finalização. Podemos dizer que “criaram um monstro”, no melhor dos sentidos. No Palmeiras de hoje, Bia é como Luiz Adriano, só que ao contrário. Uma 10, que joga de 9. Que, na verdade, joga por todos os cantos do ataque, dificultando demais a marcação das adversárias.

Para jogadores como Luiz Adriano e Bia Zaneratto, não importa a posição ou a numeração. É a 10 e a faixa.

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