Renata Mendonça

Jornalista, comenta na Globo e é cofundadora do Dibradoras, canal sobre mulheres no esporte.

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Paciência é a palavra-chave para a renovação da seleção brasileira feminina

Equipe vai ganhando novas caras, enquanto busca manter sua identidade

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A seleção brasileira feminina vive um momento muito distinto da sua história. É tempo de renovação. E por mais que esteja se falando nisso há algum tempo, que se esteja pedindo isso há mais tempo ainda, é chegado o momento de sentir o impacto no campo. E de entender a importância de uma palavra mágica: paciência.

Palavra que no dicionário da "língua futebolesa" não existe. Dentro ou fora de campo, pedem-se mudanças, mas quando elas não vêm da noite para o dia, pedem-se cabeças. Digo que é um período muito peculiar na história da seleção feminina, porque nunca houve uma renovação tão grande, acompanhada tão de perto.

A seleção brasileira que teve em Sissi seu principal expoente nos anos 1990 entrou nos anos 2000 com talentos como Marta, Cristiane e Daniela Alves. Mas é claro que, no início, havia muitas dúvidas sobre o futuro. A grande diferença é que, na época, a cobertura da mídia para a seleção feminina de futebol era praticamente nula. Quando o nome de Sissi não apareceu na lista de convocadas do técnico René Simões em 2004, a repercussão foi muito menor do que deveria ter sido.

Pia Sundhage durante as Olimpíadas de Tóquio, no duelo entre Brasil e Canadá
Pia Sundhage durante as Olimpíadas de Tóquio, no duelo entre Brasil e Canadá - Amr Abdallah Dalsh - 30,jul.2021/Reuters

Desta vez, a seleção feminina vê dois dos seus principais pilares se despedirem (uma oficialmente e a outra ainda aguardando um desfecho) enquanto seus jogos são exibidos em rede nacional e há muito mais gente interessada em saber o que virá daqui em diante.

A ausência de Cristiane nos Jogos Olímpicos repercutiu, a última partida de Formiga comoveu e agora Marta leva a missão de seguir fazendo parte de uma seleção que vai ganhando novas caras, enquanto busca manter sua identidade.

Em Manaus, no torneio amistoso realizado nesta última data Fifa do ano, a seleção entrou em campo contra a Venezuela com um time que tinha a média de idade de 23 anos. Seis das 11 titulares tinham 22 anos ou menos. Havia duas veteranas apenas entre elas: Tamires e Debinha, de 34 e 30 anos, respectivamente. A seleção começou a partida perdendo de 1 a 0 com uma falha que gerou o gol venezuelano aos 3 minutos de jogo.

Ali, a palavra-chave era uma sempre repetida em português pela técnica Pia Sundhage: paciência.

Primeiro para entender que erros vão acontecer quando você começa a colocar jogadoras tão jovens para serem titulares de uma seleção principal. Faz parte do processo de amadurecimento e aprendizado. Segundo para não deixar que o desempenho do time no jogo ficasse condicionado àquele primeiro erro. Havia mais 87 minutos para mudar a história da partida.

O Brasil levou algum tempo, mas conseguiu fazer isso em dois lances de bola parada muito bem aproveitados por Kerolin e Gabi Nunes (22 e 24 anos, respectivamente). Kerolin, em seguida, fez o gol mais bonito do jogo, e Debinha fechou a conta: 4 a 1.

Não foi o jogo mais brilhante do Brasil, mas, em alguns momentos, o time encantou na sua melhor característica, a do futebol bonito, do drible, do improviso. Como nos lances protagonizados por Debinha, que canetou a adversária, de Ana Vitória, que deu passe de calcanhar, e de Adriana, que dominou a bola de letra. Marta também usou o calcanhar para dar passe espetacular para Gio Queiroz, que chutou para fora.

Lances que nos lembraram que nunca faltou talento para as brasileiras no futebol, mas, sim, o trabalho por trás dele. A oportunidade de jogar desde a base, as competições para disputar, os treinadores capacitados para desenvolver.

Com Pia Sundhage, a seleção brasileira já teve 81 jogadoras convocadas e deve ter mais nomes testados daqui até a Copa América, que é o primeiro objetivo do time em 2022. Com paciência, bons frutos poderão ser colhidos até lá.

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