A Maria viveu uma linda história de amor com o Fábio. Só que, a certa altura, o Gustavo apareceu na vida dela como um cometa. Maria hesitou, mas a sua ligação com o Fábio era demasiada forte e ela acabou por escolhê-lo.
Eles conseguiram superar tudo porque foram feitos um para o outro e vão casar amanhã. Fábio ficará muito feliz, Gustavo ficará triste. É a vida.
No entanto, hoje haverá outra cerimônia, na qual a Maria vai escolher entre o João e o Guilherme, dois ex-namorados que ela não via há anos, só para descobrirmos, entre todos os homens que não teriam qualquer hipótese de casar com a Maria, qual seria o que, ainda assim, teria mais hipóteses.
Para quê?, pergunta o leitor. Quem teria a curiosidade mórbida de saber tal coisa? A resposta é, evidentemente: a Fifa.
Essa cerimônia é equivalente ao jogo de apuramento do terceiro lugar. Dizem que o segundo é o primeiro dos últimos. Ninguém quer ficar em segundo. Imaginem agora ter de fazer um esforço para ficar em terceiro.
O terceiro é o segundo dos segundos. Nem em primeiro dos últimos conseguiu ficar. Por isso, acaba por ser deprimente ganhar o jogo de atribuição do terceiro lugar.
Só há uma coisa mais deprimente, que é perder o jogo de atribuição do terceiro lugar. É uma disputa para ver quem se livra da depressão profunda e consegue a proeza de abraçar apenas a depressão simples. Estamos todos ansiosos para ver.
É aqui que entram os defensores do jogo de atribuição do terceiro lugar. Perguntam: e não estão mesmo ansiosos por ver? Claro que estamos, a pergunta é estúpida. Mas nós paramos na praia para assistir a uma pelada. Se há uma bola e duas equipes, estamos ansiosos para ver.
Isso não invalida que esse jogo seja estúpido. Por que definir o terceiro classificado? E por que parar aí, já agora? Quem ficou em sexto? Porque não organizar jogos de atribuição de todos os lugares, até o 32º? Estou a propor isso, sabendo que é absurdo, e mesmo assim já ansiando por assistir ao Portugal x Argentina para atribuição do 12º lugar.
É claro que a gente quer ver. Só haverá mais disso daqui a quatro anos. Ou, para ser mais rigoroso, daqui a quatro anos e meio.
O Mundial do Qatar será disputado do dia 21 de novembro ao dia 18 de dezembro. Novamente: absurdo. Mas quero ver? Sim.
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