Ricardo Balthazar

É repórter especial. Foi editor de Poder e Mercado.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Ricardo Balthazar
Descrição de chapéu Eleições 2018

Sugestão de procurador dá poder a maiores doadores

Proposta de coordenador da força-tarefa da Lava Jato ampliaria influência dos mais ricos no processo político

Enquanto os líderes dos partidos do centrão dançam com os presidenciáveis, o procurador Deltan Dallagnol segue em sua campanha para afastar os corruptos da política.

“Teremos uma grande oportunidade de usar a maior arma deste ano contra a corrupção, que é o voto”, afirmou na sexta (20), em mensagem a seus seguidores nas redes sociais.

Coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, o procurador diz que é preciso romper o círculo vicioso da corrupção, em que políticos desonestos ocupam posições no governo para cobrar propina de empresas, financiar suas campanhas e assim se manter no poder, impunes.

O presidente do PR, Valdemar Costa Neto, passou quase um ano na cadeia após ser condenado por seu envolvimento com o escândalo do mensalão, mas nunca deixou de mandar no partido, que na semana passada empurrou o centrão para o lado de Geraldo Alckmin (PSDB).

Sua força deriva dos recursos valiosos que controla. Dono da quinta maior bancada na Câmara dos Deputados, o PR tem direito a um bom pedaço do tempo reservado para propaganda eleitoral na televisão e um naco do bilionário fundo público que se tornou a principal fonte de financiamento dos candidatos após o fim das doações de empresas.

Em sua pregação, Dallagnol defende um pacote de medidas que propõe o fim desse sistema. O fundo público seria extinto, e os partidos passariam a contar apenas com contribuições de pessoas físicas. Cada cidadão poderia doar até 10% de seus rendimentos, como hoje, e no máximo 10% dos gastos de cada candidato.

Será uma boa ideia? Como o limite continuaria associado à renda de cada um, é fácil perceber que contribuintes ricos fariam mais diferença do que os demais eleitores. Assim, o novo modelo sugerido por Dallagnol tenderia a aumentar a influência de doadores poderosos no processo político, concentrando ainda mais os recursos disponíveis para as campanhas eleitorais. Valdemar Costa Neto certamente teria facilidade para se adaptar à nova situação.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.