Para desespero de FHC, seu candidato preferido acaba de desembarcar da disputa eleitoral. O (des) animador Luciano Huck anunciou na TV (é claro) que está fora por considerar que “pode contribuir mais com o Brasil” ficando longe das urnas. História da carochinha.
Desde o início das especulações em torno de Huck afirmei que jamais ele deixaria a carreira que lhe deu fama e mais fortuna. Submeter-se ao escrutínio popular e ao exame de seus negócios jamais foi opção para Huck. Nem Angélica acreditava nisso.
As pesquisas apenas sedimentaram o óbvio. Huck nunca arrastou um setor expressivo que desse a ele qualquer esperança de sentar na cadeira do Planalto.
Desorientadas, as viúvas de Bolsonaro encenam farsa atrás de farsa para se fingir de vivas. A mais recente foi a reunião organizada pelo ex-ministro Mandetta com dirigentes de PSDB, DEM, PV, Cidadania, Podemos e Partido Verde. O PMDB mandou um mensageiro.
As conclusões, segundo reportado pela imprensa: “existe espaço para uma terceira via”, “há uma maioria silenciosa que não se expressa em motociatas nem em manifestações de rua” e outras platitudes do gênero. Como de hábito em encontros assim, a reunião terminou...marcando uma nova reunião.
Também pudera. Os tucanos têm ao menos quatro candidaturas postas sobre a mesa. Internamente, seus cardeais travam uma luta selvagem para puxar a cadeira um do outro. O DEM acaba de sair de uma defecção de seu principal quadro, Rodrigo Maia. As demais legendas são café com leite. Figurantes de aluguel prestes a aderir a quem render mais votos subalternos.
Mais importante: os participantes da reunião agiram nos últimos tempos como bolsonaristas de primeira, segunda e terceira horas. O povo brasileiro é de boa-fé, mas não é tolo a este ponto.
Tome-se o organizador do convescote, Luiz Mandetta. Assumiu o Ministério da Saúde na primeira leva do gabinete do capitão expelido do Exército. Àquela altura, Bolsonaro já era conhecido havia mais de 30 anos.
Assim como suas ideias genocidas, armamentistas, discriminatórias, antidemocráticas e antiambientais –tudo isso mais sua simpatia por milícias e desrespeito à Constituição, para dizer o menos. Todos os que aceitaram um posto num governo dirigido por gente assim sabia onde estava se enfiando.
Mandetta não pensou duas vezes para se acomodar na cadeira de ministro numa administração de extrema-direita. Quando foi para a porta da rua, virou de “centro”. Nem adianta Mandetta querer se dizer melhor que Pazuello ou Queiroga; seria mera covardia.
Muito se tem falado sobre o “excesso” de polarização no país. O problema não está na política, mas nos objetivos de cada um.
O Brasil desce à toda velocidade a rampa da miséria e da destruição das tímidas conquistas sociais dos últimos anos. A quantidade de famintos volta a se multiplicar; a carestia e o desemprego disparam. Programas de habitação são destroçados; as universidades, sucateadas, e o ensino estão à deriva.
A economia não tem rumo, enquanto a inflação corrói mensalmente salários cada vez mais minguados.
Não há “centro” entre um prato cheio e outro vazio, entre um teto e a moradia na rua, entre 2.500 mortos diários pela pandemia e o afastamento imediato do presidente responsável por tantas mazelas.
Esse é o jogo.
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