Ricardo Melo

Jornalista e apresentador do programa 'Contraponto' na rádio Trianon de São Paulo (AM 740), foi presidente da EBC (Empresa Brasil de Comunicação).

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Ricardo Melo
Descrição de chapéu Coronavírus

Brasil vira máquina da morte sob Bolsonaro e com ajuda de 'planos de saúde'

Acusações contra Prevent Senior escandalizam clientes e especialistas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Planos de saúde são um dos maiores tormentos da vida dos brasileiros. Os preços sobem sem controle, os serviços oferecidos mudam para pior ao sabor das operadoras e o governo fecha os olhos aos descalabros. Aliás, toma medidas contra os pacientes. Uma das mais recentes foi o veto à distribuição de medicamentos orais contra o câncer.

Mas nada parecia poder chegar ao ponto da Prevent Senior, a crer nos documentos recolhidos pela CPI da Covid.

As revelações são de arrepiar. Fraudes em prontuários, atestados de óbito fajutos, falsificação de diagnósticos. Ameaças a médicos. Procedimentos que fariam inveja a Josef Mengele, o líder nazista que usava humanos como cobaias.

A Prevent lançou-se no mercado com uma proposta aparentemente inovadora. Cobrar preços mais em conta para idosos, enquanto as demais operadoras fazem o contrário. Por trás dos malabarismos publicitários escondia-se uma gatunagem agora exposta à luz do sol.

Os mais velhos, pela própria natureza, têm menos tempo de vida. Um filão que a Prevent resolveu explorar. Quando um idoso morre, a causa pode ser atribuída a “falência” múltipla de órgãos, doenças variadas ou simplesmente idade avançada. Poucos investigam o diagnóstico e a medicação ministrada.

A operadora assim libera mais um leito depois de ter embolsado o dinheiro dos incautos. E segue o enterro, literalmente.

Médicos e empresários de má-fé sabem como são feitos atestados de óbito. Exceto quando familiares optam pela necropsia –um procedimento sempre dolorido para os parentes—, bastam duas assinaturas de “doutores” para validar o documento.

As causas da morte ficam por conta de quem assinou a papelada. Infelizmente já passei por esta experiência.

A Prevent se expandiu de maneira acelerada. Mas esperteza demais sempre acaba delatando os espertos. No caso da Covid, a rede envolveu-se com a charlatanice de JMB (dito Bolsonaro).

Transformou suas instalações em campo de provas de tratamentos ineficazes, mas certamente bem mais em conta. Não se sabe ainda a profundidade de relações com a delinquência vigente na atual administração. Questão de (pouco) tempo.

Mas já se sabe, com base em farta documentação e gravações, que os hospitais da operadora aderiram ao coquetel de remédios condenado por especialistas do mundo inteiro.

Contaram para isso com bolsonaristas raiz, que entregaram a própria mãe aos cuidados de charlatões de jaleco. Essa gente não tem limites.

O Brasil está à beira de 600 mil mortos pela Covid. Sem contar subnotificações e outras Prevents na praça. A área da saúde transformou-se em um centro de corrupção, incompetência e descaso generalizados. Os números de mortes pela pandemia voltaram a crescer segundo dados mais recentes.

Sobre a questão dos adolescentes, vale a pena reproduzir um trecho do colunista desta Folha, Atila Iamarino:

“EUA, Reino Unido, Itália, Alemanha , Espanha, França e Coreia do Sul registraram juntos 231 mortes por Covid entre menores de 18 anos até fevereiro de 2021. Aqui no Brasil, segundo Sistema de Informação de Vigilância da Gripe (SIVEP-Gripe), registramos oito vezes mais mortes nesse grupo do que em todos esses países somados até o começo de setembro de 2021.

Aqui, a Covid já é a maior causa de mortes por doenças entre quem tem de 10 a 19 anos. Já registramos 641 mortes de brasileiros entre 12 e 17 anos. Já perdemos quase tantos adolescentes para a Covid quanto veríamos casos de adolescentes com miocardite temporária se tivéssemos vacinado todos eles. Isso sem falar nos milhares que terão complicações por conta da Covid, como problemas pulmonares, renais, confusão mental e outros, que podem durar o resto da vida, até onde sabemos.”

O Ministério da Saúde está acéfalo. Melhor dizendo: está sob o comando de um lambe-botas de JMB.

Suas maiores contribuições até agora foram desorganizar de vez a vacinação, desdenhar das medidas de prevenção, ofender com gestos obscenos manifestantes em Nova York e agora dar mais despesas ao povo brasileiro ao contrair a Covid e ficar em quarentena num belo hotel americano.

A CPI já passou do tempo de recolher provas. Elas já são abundantes e irrefutáveis. Trata-se de partir sem mais delongas para as devidas responsabilizações e cobrar punição exemplar para os operadores desta máquina da morte em que se transformou o Brasil. A começar de JMB, uma vergonha mundial.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.