Ricardo Melo

Jornalista e apresentador do programa 'Contraponto' na rádio Trianon de São Paulo (AM 740), foi presidente da EBC (Empresa Brasil de Comunicação).

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Ricardo Melo
Descrição de chapéu ameaça autoritária

Rachadão dos Bolsonaros naufraga, encurrala presidente, e Mourão cresce como alternativa da elite

Desmoralizado, o capitão expulso já era; o problema agora é o 'day after'

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

JMB, dito Bolsonaro, está pela hora da morte política. Não emplaca mais nada, a não ser fotos e declarações ridículas para tentar se manter na mídia. A derrota mais recente foi a rejeição, pelo Senado, da nova intentona anti-trabalhista.

Aprovado na Câmara, o pacote que eliminava resquícios de direitos conquistados, sofreu derrota acachapante no Senado –47 a 27.

Isso no mesmo dia em que os números do IBGE mostraram o óbvio. A economia brasileira derrete a olhos vistos: setores como o agronegócio e investimentos despencaram; o consumo das famílias estacionou; a indústria empacou.

A renda dos trabalhadores desabou, enquanto o patrimônio de bilionários locais subiu. O povo, a maioria, que se vire. Não é possível ser mais claro.

O extermínio de indígenas, o massacre de negros nos números sobre homicídios (mentirosos, diga-se de passagem, pois excluíram mais de 17 mil mortes “indeterminadas”), o desemprego crônico (o Caged maquiado é piada pronta) e os ataques contra a democracia são a constatação do esperado.

Desde o golpe que derrubou Dilma Rousseff o país passa por uma demolição sem tamanho.

Diante dos 600 mil mortos vítimas do genocídio deliberado de JMB, o Planalto se cala. Ou melhor, põe mais lenha no fogo dos crematórios ao desdenhar das medidas de distanciamento, uso de máscaras e vacinação em massa.

Esfarelou-se o esquema unificado de imunizantes num país que era considerado exemplo internacional de uma política nacional de saúde. Agora, o cidadão comum não sabe quando e onde tomar vacina.

A maioria nem sequer calcula quantas velas precisa comprar com o racionamento de energia à vista. As únicas alternativas que o governo tem a oferecer em rede nacional são o aumento brutal da conta de luz, desligar a geladeira, deixar de tomar banho e passar roupa uma vez por semana.

Viver no escuro, na secura, sujo e com roupa amassada, e culpar São Pedro “acima de tudo”. Retrocedemos ao período anterior a Thomas Edison.

JMB foi eleito com base na promessa que faria um “rachadão” com as elites. Foi em frente. Em vez de roubar sardinha como ele e sua famiglia sempre fizeram na vida pública, partiram para peixe grande como tem demonstrado a CPI da Covid. Compromisso de eleição. Sobrou para um coitado de um motoboy.

O problema é que o rachadão deu errado. Até o 04 já está na roda. O tal do Renan Jr., com seu look e corte de cabelo à la Adolf Hitler, criou uma “empresa” de eventos na boleia de um dos ladrões instalados no Ministério da Saúde.

A quebra de sigilos do filho zero alguma coisa, da ex-mulher de JMB etc prometem revelações ainda mais acachapantes.

O pessoal do dinheiro grosso percebeu que é mais difícil transformar um alucinado em civilizado do que extorquir o povo sem anestesia. Aí, valham manifestos. Não dão trabalho, mas atestam a temperatura do momento. Henry Ford dizia que pagava melhor seus operários para ter gente para comprar os carros dele.

No Brasil, com atraso de séculos, a elite tupiniquim percebeu que essa história de comprar fuzil em vez de feijão não pode dar certo. O agronegócio já sente no bolso os efeitos deletérios de uma política que, na falta de Olavos de Carvalho e outros tantos, elege o patético Sérgio Reis como bússola administrativa.

A conversa de momento é o que fazer diante de um “governo” desmantelado. Falta um ano e meio para eleições (se houver). Toda hemorragia tem limite.

Setores da oposição querem que o povo aguente mais 15 meses na UTI “democrática”. Estão no mundo da Lua e querem arrastar Lula junto com eles, se é que não seja de comum acordo.

O empresariado briga por manifestos –a mesma fatia que se uniu para derrubar Dilma Rousseff pelo “delito” de privilegiar os pobres. Impossível esconder a vergonha alheia ao ler estes papeluchos desidratados escritos por gente que jamais teve apreço pela democracia.

Mas quando até este pessoal expõe ao menos uma oposição protocolar, mesmo covarde e “não me toque”, é sinal de que JMB está caindo da prancha. Sobram para ele os fanáticos, os cúmplices da roubalheira e os executores de políticas destinadas a retroagir o Brasil à época colonial.

O general vice, Hamilton Mourão, um extrema-direitista raiz, mas que não é bobo nem nada, está ligado.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.