Ricardo Melo

Jornalista e apresentador do programa 'Contraponto' na rádio Trianon de São Paulo (AM 740), foi presidente da EBC (Empresa Brasil de Comunicação).

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Ricardo Melo
Descrição de chapéu ameaça autoritária

Rato golpista, Bolsonaro pariu um rato: ele mesmo

Capitão de araque aperta a corda em seu próprio pescoço

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A decantada revanche dos fascistóides em 7 de setembro resultou em fiasco. Os milhões que deveriam iriam às ruas nos cálculos bolsonaristas reduziram-se a alguns milhares de fanáticos em manifestações minguadas diante do que esperavam os golpistas. Restaram os discursos alucinados de JMB (dito Bolsonaro).

Mesmo a frágil democracia brasileira não gostou do que viu. JMB atacou tudo e todos. Pregou a desobediência dele (não a civil) diante de qualquer decisão que ponha em risco a roubalheira dele e de sua famiglia.

Este é o temor que move seus passos e palavrório há muito tempo. Os interesses do povo e do Brasil dormitam no almoxarifado e lá mofam intocados.

Restaram as ameaças de fechar o Supremo, e também o Congresso, se necessário aos seus planos. JMB convocou por microfone uma reunião do tal Conselho da República como se estivesse anunciando um almoço da famiglia.

Ou seja, nem sabe como funcionam as instituições que sobraram. Tanto que os integrantes deste órgão desconheciam tal chamado, que na verdade nunca existiu.

Nem como golpista JMB serve. Imprestável, ele está isolado. Sua turma reduz-se cada vez mais a meia dúzia de generais cujo prontuário envergonha qualquer Força Armada que mereça este nome.

Braga Netto, Eduardo Ramos, Pazuello (por onde anda?), Augusto Heleno (o facínora do Haiti). O resto da turma que um dia vestiu roupa cor de azeitona tem sido comprada com holerites que chegam a R$ 260 mil por mês!

Até a banca gorda, a mídia obediente, o Judiciário servil e o parlamento castrado vêm percebendo a roubada em que se meteram. Ali e acolá multiplicam-se manifestações contra JMB.

Agora mesmo o centrão já discute se vale a pena manter o burro amarrado numa criatura desequilibrada e sem nenhuma condição de dirigir uma charrete que seja.

Sim, há uma malta de fanáticos para os quais tanto faz, tanto fez. Pesquisas informais mostram que a maioria dos participantes de manifestações pró-JMB ganham mais de cinco salários mínimos, são brancos e têm idade superior a 45 anos. Provavelmente usufruem de regras que facilitam a aposentadoria de bacanas.

JMB é campeão nos chamados crimes de responsabilidade, que determinam o impeachment de quem os comete. Mas a Constituição canhestra optou por deixar nas mãos do presidente da Câmara a decisão sobre o assunto.

O atual, Arthur Lira, está ele mesmo pendurado em vários processos e por isso engaveta os mais de cem pedidos de “fora Bolsonaro”. O resto do parlamento faz as contas (literalmente) sobre o futuro.

Confiar em Luiz Fux ou Rodrigo Pacheco é acreditar em Papai Noel. O Brasil real é outra coisa. O noticiário informa que mais de um milhão de pessoas está privada do Bolsa Família. Vacinas são incineradas porque o governo está pouco se lixando para as vidas perdidas.

A inflação dispara. O desemprego não cede, a não ser para quem aceita trabalhar em condições similares à escravidão. Negros são exterminados como moscas.

A dita oposição devaneia sobre as eleições do ano que vem. Enquanto isso, caminhoneiros fazem o que querem e bloqueiam estradas. Jornalistas são sitiados no Ministério da Saúde para escapar do ataque de milícias governistas. O Senado cancela as sessões.

Como diria o economista Keynes, insuspeito para os democratas de salão porque jamais foi socialista ou coisa parecida, “a longo prazo todos nós estaremos mortos”.

No Brasil, o tempo que separa o dia de hoje das tais eleições (se houver) corresponde ao “longo prazo” ao qual ele se referia, pelo menos como metáfora.

A hora é agora.

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