Roberto Dias

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Aprovação à Lava Jato e fake news

Elevador interno em imóvel atribuído a Lula está lá, só não vê quem não quer

Sem-teto durante invasão do tríplex atribuído ao ex-presidente Lula no Guarujá, litoral paulista
Sem-teto durante invasão do tríplex atribuído ao ex-presidente Lula no Guarujá, litoral paulista - Marcelo Justo/Folhapress

Um dos dados mais impressionantes do último Datafolha é o tamanho da aprovação dos brasileiros à Operação Lava Jato.

Nada menos do que 84% dos entrevistados defendem a continuidade da investigação. O percentual é mais baixo entre os mais pobres, com menos escolaridade, petistas e nordestinos, mas ainda inequivocamente alto mesmo nesses recortes (o piso, em tais grupos, é de 75% de aprovação, isso entre os que têm o ensino fundamental).

É raro ver endosso tão alto a qualquer coisa neste país. Ironia do destino, o número está próximo ao registrado no auge de aprovação histórica de um presidente da República, no caso chamado Lula, que saiu do Planalto com 83% de ótimo e bom.

Fica ruim, portanto, usar o argumento da popularidade lulista para atacar a Lava Jato. 

A gritaria de quem defende o ex-presidente encarcerado é tamanha que pode fazer crer que a Lava Jato está sendo mesmo muito combatida pela opinião pública. Gritaria essa engrossada por fake news.

Uma das mentiras brotou após a invasão promovida nesta semana pelo MTST do tríplex no Guarujá que levou o petista à cadeia. A ação teria mostrado, segundo militantes, que não haveria nenhum elevador interno no apartamento, ao contrário do dito na acusação. Bem, o elevador está lá, como testemunharam repórteres e como é possível enxergar nas imagens. Só não vê quem não quer.

Outro exemplo é um vídeo do grupo argentino Cejitango no qual um personagem questiona o interlocutor sobre um apartamento que ele diz não ter, dando início a uma conversa surreal. Ao fim, o aviso: “Não é uma piada. É o interrogatório do juiz Sergio Moro a Lula”. Seria divertido se não fosse fajuto —para sustentar sua tese, os doutos comediantes inventaram um diálogo inexistente em Curitiba.

Perto dessa ficção, a série “O Mecanismo” parece até realidade.

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