Roberto Dias

Secretário de Redação da Folha.

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2019, o ano de redescobrir a inteligência natural

Kissinger diz que a humanidade está despreparada para a inteligência artificial

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Um dos melhores textos deste ano foi escrito por alguém que não se interessava pelo assunto discutido nele. Henry Kissinger versou sobre inteligência artificial em artigo na revista The Atlantic.

O ex-secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger, na China, em novembro de 2018
O ex-secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger, na China, em novembro de 2018 - Thomas Peter/Pool/AFP

Acabou metralhado por integrantes da comunidade científica, não raro com argumentos do tipo "ele não entende nada disso".

A reação é compreensível, mas vale espiar o que está escrito. Do alto de 95 anos de uma vida que cruzou algumas das grandes decisões do século passado, Kissinger defendeu a tese de que a humanidade está despreparada para a inteligência artificial.

Ele afirma que a chamada IA encerra a era do iluminismo, impulsionada pela imprensa e a propagação do conhecimento.

"O iluminismo procurou submeter verdades tradicionais à razão analítica humana. O propósito da internet é ratificar o conhecimento pela acumulação de uma quantidade crescente de dados", diz. "A cognição humana perde seu caráter pessoal. Internautas raramente interrogam a história ou a filosofia; buscam informação para necessidades práticas. A verdade se torna relativa."

Esse novo mundo não é governado por normas éticas ou filosóficas, escreve ele. A inteligência artificial toma decisões estratégicas sem explicar o que fez —o famoso exemplo do carro autônomo que deve escolher quem atropelar encaixa-se aqui.

Esse processo computacional altera o comportamento humano; Kissinger afirma que a reverberação de nichos nas redes sociais encurta a visão dos políticos, premidos a decisões de menor qualidade.

O pior está por vir, diz ele: ao enxergar um processo decisório como uma sequência de operações matemáticas, arriscamos perder nossa capacidade de pensar. 

O ano que se encerra foi aquele em que os humanos correram atrás da privacidade perdida, expondo o porão das empresas de tecnologia. Em 2019, podem encontrar problemas ainda maiores escondidos por lá.

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