Roberto Dias

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Cobranças a Moro e Damares fazem parte da democracia

Diálogos tensos entre eleitores e ministros de Bolsonaro ajudam a testar nossa coerência de argumentos

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“Por que o Queiroz não é pauta? A roubalheira do PT é pauta, mas a do PSL não é pauta do governo? Você quer me censurar por isso também?” É um comprador num supermercado de Brasília dirigindo-se a Marcos Koren, segurança do ministro Sergio Moro (Justiça). Ele tentava amedrontar a dupla de eleitores —no que não teve sucesso.

Moro, que estava na fila do caixa, é um dos dois integrantes do governo já cobrados em vídeos públicos. A outra foi a ministra Damares Alves (Direitos Humanos), criticada em um shopping após postular sobre cores e gênero. É bom toda a Esplanada já ir se acostumando.

As conversas amargas entre eleitores e agentes públicos podem não ser as cenas mais bonitas da democracia, mas são democráticas. Essas duas de agora ajudam, ademais, a testar nossa coerência de argumentos. 

No passado, nenhuma reação foi mais absurda do que a de Ricardo Lewandowski. Ao ouvir críticas ao STF em um avião, não mediu o troco: “Você quer ser preso? Chama a PF”. E, de fato, a polícia apareceu e levou seu interlocutor. Lewandowski foi logo socorrido pelas vozes do corporativismo e do alinhamento político. Gente que defendia o uso da força do Estado para censurar um eleitor e que agora se cala —ainda bem.

Também protagonizaram involuntariamente vídeos assim personagens como Guido Mantega, Alexandre Padilha e, um campeão, Gilmar Mendes. Alguns ouviram não apenas críticas, mas também ofensas pessoais. Para esses casos, está aí a lei. 

Tal situação não é coisa nossa (os senadores americanos Ted Cruz e Mitch McConnell foram duramente cobrados em restaurantes meses atrás) nem é exclusividade da política (se jogador pode ser apupado, por que quem recebe salário público merece proteção da crítica ao vivo?).

Político já é suficientemente descolado da realidade para ter mais uma camada de blindagem. “Você é do superministério, ajuda o Ceará”, disse a eleitora a Moro. Quem sabe o diálogo não foi útil para o ministro?

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