A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, anunciou que jamais pronunciará o nome do atirador que matou 50 pessoas em ataque na semana passada.
“Ele é um terrorista. Um criminoso. Um extremista. Quando eu falar, ele não terá nome. Pode ter procurado notoriedade, mas não lhe daremos nada —nem mesmo seu nome.”
Já o juiz do caso ordenou que as imagens feitas no tribunal fossem alteradas para não mostrar o rosto do atirador. O argumento é que isso seria necessário para permitir um julgamento equilibrado.
Na corte, o atirador sorriu e encarou os jornalistas. Na rua, dias antes, mostrou seu rosto e disse seu nome, ao vivo, no Facebook, entre uma e outra cena de crueldade extrema.
Esse episódio horrível serve de excelente ponto de partida para algumas discussões relacionadas ao papel da mídia e das redes sociais.
No caso das últimas, o descontrole sobre o que está ou não sendo divulgado ficou patente. Os links ficaram à disposição por bastante tempo.
Para a mídia, o foco do debate não é poder ocultar, mas sim querer ou não ocultar, e o que ocultar.
É um debate ainda mais complicado. O que funciona para um agente público, como a primeira-ministra, não necessariamente vale para um jornal. Isso não impede que um tente influenciar o outro. Nos EUA, o FBI lançou uma campanha chamada “Não os nomeie”, pedindo à mídia que não identificasse os criminosos.
Esforço muito compreensível, mas os argumentos em favor dessa atitude estão longe de encerrar a questão.
Um ponto discutível: será que a ausência de nome e foto não acabará por só provocar mais curiosidade? Outro: fazer tal autocensura não equivale a retirar das pessoas o direito de se informarem e exercerem julgamentos? É certo tutelar consumidores de notícias desse jeito?
Cada questão coloca um dilema sem saída simples, que dependerá da sensibilidade pessoal e poderá variar muito a cada detalhe adicionado. Como você responderia?
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