Roberto Dias

Secretário de Redação da Folha.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Roberto Dias

Les élites daqui não olham o umbigo

Museu Nacional grita por uma fração das doações feitas para reconstrução de catedral

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Incêndio no Museu Nacional, no Rio, em setembro do ano passado

Incêndio no Museu Nacional, no Rio, em setembro do ano passado Ricardo Moraes - 2.set.18/Reuters

A elite brasileira é estridente ao chorar contra a torneira fechada da Petrobras para mostras culturais que ela, não os pobres, consome. O piloto automático vem tão introjetado que é difícil se questionar por um minuto se não haveria aí, quem sabe, uma distribuição de renda invertida com dinheiro público. 

Mais difícil ainda é olhar a discussão por outro ângulo, contrário, já no campo da filantropia cultural.

Três importantes instituições do país estão fechadas: o Museu da Língua Portuguesa e o Museu do Ipiranga, em São Paulo, e o Museu Nacional, no Rio. Os dois primeiros com obras que se arrastam por anos. O último grita por uma fração das doações que ricos daqui e de fora prontamente deram para reconstruir a catedral de Notre-Dame, em Paris.

Duas listas ajudam a mostrar como vamos no plano da generosidade.

Uma é produzida pela Charities Aid Foundation, ONG britânica que tenta fomentar doações. Sua pesquisa procura listar os países onde há mais propensão a doar dinheiro ou tempo. Nesse ranking, de 144 países, o Brasil aparece em 122º —pior marca da América do Sul—, e com pontuação decrescente.

Já a Iupui, universidade de Indianápolis (EUA), produz o Índice Global de Filantropia Global. Tenta medir não a disposição das pessoas em ajudar, e sim os incentivos em cada país para que façam isso. Essa lista separa 79 países em seis categorias. O Brasil aparece na quarta faixa.

Quando isolada uma das categorias do índice, que avalia o ambiente sociocultural (a tradição em filantropia e a consciência pública sobre isso), o Brasil figura como penúltimo da América do Sul, à frente da Bolívia.

O relatório da universidade descreve o problema de maneira clara: “Historicamente, doações individuais não são tão importantes na América Latina quanto outras formas de repasse, e são muito mal distribuídas, revelando falta de cultura filantrópica, provavelmente por causa do papel central dos governos em resolver problemas sociais”.

 

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.