Roberto Dias

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Crise com Huawei expõe Brasil de pires na mão pelo mundo

País entra na história por um caminho que passa longe de qualquer estratégia

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A distância crescente que nos separa do que ocorre no mundo fica explícita em casos como o da Huawei. O Brasil entra na história por um caminho que passa longe de qualquer estratégia nacional. A tática mais parece a de um pedinte.

O vice Hamilton Mourão acha importante ser receptivo aos chineses porque geram empregos. No mais, oferece como argumentos uma novidade linguística (“nessa questão de tecnologia e inovação a gente tem que adotar um dispositivo de expectativa”) e o velho deslumbramento palaciano (“recebi representantes da Huawei em meu gabinete, apresentaram planos de expansão”).

Funcionária da Huawei usa telefone em Shenzhen, na província de Guangdong, na China
Funcionária da Huawei usa telefone em Shenzhen, na província de Guangdong, na China - Wang Zhao/AFP

As teles são mais diretas. “Acho inimaginável para um país pobre como o nosso que se pense em substituição de rede de um fabricante de ponta. Não é conversa para nós. Isso é para EUA, Reino Unido, Japão”, disse o presidente da Claro, José Félix.

De fato, lá fora a conversa é outra. No Reino Unido, duas operadoras travaram a venda de aparelhos da Huawei. No Japão, as três maiores teles suspenderam lançamentos da marca. Na Índia, discute-se como diminuir a dependência dos chineses.

Muito interessante é o caso da Austrália. O país virou um laboratório da influência chinesa, que impulsiona décadas de crescimento contínuo na ilha. Mas foram justamente os australianos quem primeiro colocou em xeque a tecnologia da Huawei.

A disputa —um assunto global que muito interessa a Donald Trump na política doméstica— rememorou aos chineses como é perigoso depender dos outros. Quem vai querer um celular sem Google Maps ou Gmail?

No caso brasileiro, o episódio serviu para lembrar que temos um presidente que adula os EUA e um vice que bajula a China. Poderia até haver esperteza aí, como a da ditadura varguista na escalada da Segunda Guerra. Mas o movimento mais se assemelha à casca caricatural da Política Externa Independente de Jânio Quadros. A de agora, porém, estaria mais bem definida se batizada de Totalmente Dependente.

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