Roberto Dias

Secretário de Redação da Folha.

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Roberto Dias
Descrição de chapéu Homem na Lua, 50

O homem na Lua: como noticiar algo tão difícil de acreditar?

Até o regime soviético, que perdia uma batalha da Guerra Fria, permitiu que o fato fosse noticiado

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A chegada do homem à Lua é algo tão extraordinário que até hoje um quarto dos brasileiros não consegue acreditar. O que dá ideia do desafio jornalístico vivido meio século atrás. Como contar a outros humanos algo que é maior do que a própria noção de humanidade?

A emissora CBS resgatou agora sua transmissão do voo da Apollo 11. No lançamento do foguete, o âncora Walter Cronkite, nome histórico da TV americana, parecia a encarnação do Google, recitando um sem-fim de dados. Quatro dias depois, quando o pouso lunar enfim ocorreu, a voz lhe faltou. "Tudo o que pude pronunciar", explicaria o apresentador mais tarde, foram algumas poucas interjeições.

Capa da Folha: A LUA NO BOLSO
Primeira página da Folha no dia 21 de julho de 1969 - Reprodução

O jornal britânico The Guardian definiu assim o acontecimento: "É a realização de um sonho que os homens têm desde o início da história conhecida". Até o regime soviético, que perdia então uma importante batalha da Guerra Fria, permitiu que aquilo fosse noticiado.

Otavio Frias Filho, que dirigiu a Redação da Folha de 1984 a 2018, disse à revista Playboy, em 1988, que considerava a manchete no dia histórico a pior que já tinha visto no jornal (ao menos até então). No alto da primeira página, em letras imensas, lia-se: "A LUA NO BOLSO".

"A notícia interessaria ao poeta Homero. E vem a Folha de S.Paulo banalizar esse fato de maneira atroz", afirmou Otavio.

Na outra ponta, o jornalista elogiava o enunciado escolhido pelo diário The New York Times.

"É uma manchete completamente linda, um verso: "Men walk on Moon". Homens andam na Lua. Eles se viram confrontados com um fato envolvendo a humanidade como um todo. Era impossível ter o distanciamento necessário para abordá-lo de modo objetivo. A solução que encontraram me parece genial. Foi o uso do plural. Não é man, no singular, como homem, no sentido de humanidade, mas homens. Como se fosse a manchete de um jornal marciano."

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