Roberto Dias

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Descrição de chapéu Dias Melhores

A kind of Magic

Trajetórias de Freddie Mercury e Magic Johnson, agora sessentão, ilustram a mutação social da Aids

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Freddie Mercury anunciou que tinha Aids em 23 de novembro de 1991. No dia seguinte, estava morto. Recapitulada no filme “Bohemian Rhapsody”, a história do líder do Queen compõe um período de pânico. Apenas 16 dias antes do cantor, outra celebridade anunciara portar o HIV: Magic Johnson, à época um dos maiores atletas do mundo.

Não só o vírus sofreu mutação desde então. A diferença gritante entre as trajetórias dos dois personagens resume a metamorfose social e médica da doença no período —impulsionada em boa parte pelo jogador.

Ele assumiu sua condição numa entrevista coletiva. Aproximou-se do microfone com um sorriso tenso e foi assertivo no recado, assim resumido pela Folha: “Aids põe fim ao basquete de Magic Johnson”.

Magic Johnson, quando anunciou ser portador do HIV, em 1991 - Mike Nelson - 13.ago.1991/AFP

É preciso recorrer a outro filme, “O Anúncio”, para entender o tamanho do choque à época. O presidente dos EUA, George Bush (o pai), disse que havia ocorrido “uma tragédia”. No Madison Square Garden, houve um minuto de silêncio. Um restaurante frequentado pelo atleta pediu que ele não aparecesse mais. Karl Malone, seu colega de seleção, pensou ver “um homem morto andando”.

Apesar de o vírus ter continuado a se propagar, sobretudo entre os pobres, a reação à doença se fortaleceu a partir daquele ponto. Um exemplo entre tantos: os EUA naquela época vetavam a imigração de um portador de HIV, algo hoje inexistente.

Ao choque inicial Magic Johnson impôs outro. Retornou às quadras e ganhou uma Olimpíada. Com acesso aos melhores tratamentos, colocou como meta ser um empresário ainda mais bem-sucedido do que o jogador —e tornou-se um megainvestidor. Decidiu voltar ao seu querido Los Angeles Lakers, onde, como presidente, experimentou as frustrações comuns aos mortais e acabou por renunciar ao cargo em abril.

Nesta quarta (14), o mais famoso soropositivo do planeta chegou aos 60 anos. Que planos tem a essa altura da vida? Ele continua assertivo: “Eu quero voltar a me divertir”. 

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