Roberto Dias

Secretário de Redação da Folha.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Roberto Dias

Dez anos após iPad, mundo caminhou como Jobs queria, mas não do jeitinho que queria

Sem ter alcançado o status de indispensável, o tablet ocupou nichos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

A tela mostrava um celular iPhone à esquerda e um laptop MacBook à direta. No centro, uma interrogação, completada pelo apresentador: "Há lugar para uma terceira categoria de produto?".

Na cena, que agora completa dez anos, o âncora continuou sua pregação após mostrar a novidade: "Quanto mais eu vejo esse dispositivo, mais eu começo a pensar que a Apple realmente quer que você substitua seu laptop por essa coisa".

A coisa era o iPad, e o homem no palco era Steve Jobs, em um de seus últimos lançamentos —ele morreria no ano seguinte, 2011.

O "iPhonão", como o tablet chegou a ser jocosamente apelidado nos primeiros meses, mostrou que havia um mercado para esse aparelho, algo que se tentava provar havia décadas. O número de iPads vendidos desde então vai se aproximando dos 400 milhões.

O ex-presidente-executivo da Apple, Steve Jobs, durante o evento de lançamento do iPad - Ryan Anson - 27.jan.2010/AFP

Por outro lado, esse novo campo não floresceu como esperado. Nos últimos cinco anos, encolheu mais de 20%. O mercado no terceiro trimestre de 2019, segundo o IDC, foi de 38 milhões de tablets —contra 70 milhões de computadores e 358 milhões de smartphones.

Foi de Mark Zuckerberg uma definição que marcaria o rumo da história: "O iPad não é um aparelho móvel, é um computador". E para o Facebook, ele deixou claro, o futuro estava nos celulares, que em três décadas criaram uma força de hábito jamais conseguida pelos tablets.

Sem ter alcançado o status de indispensável, o tablet ocupou nichos. Ganhou tração entre crianças e em determinados processos corporativos —o que é possível observar nas cabines de comando dos aviões.

Aparelhos introduzidos posteriormente, como os relógios e as caixas de som inteligentes, jamais tiveram a atenção dada ao iPad. A cena de dez anos atrás foi a última a captar tanta atenção para uma novidade digital. Incorporada ao dia a dia, a tecnologia se tornou natural. O mundo caminhou como Jobs queria, mas não do jeitinho que ele queria.

LINK PRESENTE: Gostou desta coluna? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.