Roberto Dias

Secretário de Redação da Folha.

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Com coronavírus, Bolsonaro faz até Trump parecer estadista

Presidente brasileiro deve acreditar que descobriu sozinho a vacina contra a doença

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Tomara que Jair Bolsonaro tenha aproveitado a tarde deste sábado (29) para um de seus passatempos preferidos: assistir aos pronunciamentos de Donald Trump.

Porque o coronavírus faz o presidente americano até parecer um estadista se comparado ao brasileiro.

O comportamento de Bolsonaro em relação à primeira grande crise enfrentada por seu governo é lamentável.

Na semana que passou, na qual o problema ganhou muito mais gravidade, o presidente brasileiro discutiu o coronavírus sob duas óticas: a do efeito na economia e a de sua agenda pessoal, dizendo que talvez tivesse que cancelar uma viagem para a Itália.

Sobre saúde pública, nada. Nem seu canal mais confortável, o das lives semanais do Facebook, Bolsonaro usou para falar aos cidadãos de seu país sobre a doença. Enquanto os brasileiros estavam apavorados com o novo vírus, Bolsonaro destinava sua aparição das noites de quinta a ataques contra veículos de comunicação e jornalistas. 

Se não queria falar ele mesmo, o presidente poderia ao menos ter levado à live o assessor da área, como fez outras vezes (o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, vale dizer, tem sido ponderado e claro nos pronunciamentos públicos). Mas nem isso Bolsonaro fez.

Trump decerto não é nenhum grande exemplo e vem sendo criticado nos EUA por sua atuação contra o coronavírus. Chegou a chamar a doença de farsa.

Trump e Pence falam sobre o coronavírus ao lado dos diretores de dois institutos de saúde dos EUA
Trump e Pence (seg. à esq) falam sobre o coronavírus ao lado dos diretores de dois institutos de saúde dos EUA - AFP

Neste sábado, porém, ele fez um pronunciamento sobre o vírus, pedindo calma aos americanos. Estava ao lado de seu vice, Mike Pence, responsável por coordenar a reação do governo dos EUA à doença. Pence deu recomendações específicas à população: não deveriam viajar para determinadas regiões da Itália e Coreia do Sul. Os dois estavam acompanhados por dois dos principais executivos da saúde pública americana. Após os pronunciamentos, todos responderam a uma bateria de perguntas de jornalistas sobre a doença.

Trump parece ter acordado para o fato de que o coronavírus pode contaminar sua campanha de reeleição. Mesmo o dirigente chinês, Xi Jinping, que não depende de votos, percebeu a doença como uma ameaça política. Bolsonaro deve acreditar que descobriu sozinho a vacina contra o coronavírus.

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