Roberto Dias

Secretário de Redação da Folha.

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Descrição de chapéu Tóquio 2020 surfe

A panelinha do surfe

Estreia olímpica reafirma o pequeno clube que domina o esporte

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A primeira disputa de surfe nas Olimpíadas guarda semelhança com outra estreia nos Jogos, a do vôlei de praia, em 1996.

Lá como cá, um esporte moldado nas praias dos EUA (Califórnia, no caso do vôlei de praia, e Havaí, sobretudo, no caso do surfe moderno) chegou à Olimpíada tendo como favoritos os pais da criança e também um país que havia iniciado rápida ascensão na modalidade: o Brasil. Nos dois casos, ficou um ouro para cada lado.

As vitórias do brasileiro Italo Ferreira e da americana Carissa Moore nesta terça (27) reafirmaram não só os atuais títulos mundiais de ambos como também a concentração de poder do surfe em uma trinca de países: EUA, Austrália e Brasil (ainda que, para o mundo do surfe, EUA e Havaí sejam origens diferentes). Para ficar só neste século, todos os campeões do Circuito Mundial de Surfe, homens ou mulheres, vieram de um desses locais com uma única exceção: o título da peruana Sofía Mulánovich em 2004.

imagem de prancha na praia
Prancha de Italo Ferreira no último dia de disputa do surfe olímpico - Du Yu/Xinhua

​Olhando alguns esportes mais diretamente comparáveis, a diferença é notável. Enquanto o surfe teve campeões mundiais de 4 países neste século, o tênis pode listar 11 países como origem de seus campeões da temporada, no masculino ou no feminino. No do golfe, os rankings ao fim do ano tiveram nomes de 12 lugares diferentes. Voltando ao vôlei de praia, foram campeões de 8 países.

Mesmo os esportes coletivos, em geral com Mundiais não anuais, têm maior diversidade. No futebol, as Copas do Mundo de homens e mulheres, realizadas apenas a cada quatro anos, somaram 7 países campeões. No caso do vôlei, 6. No do handebol, 9. Quem empata com o surfe é o basquete, que teve 4 campeões —lembrando, de novo, que se trata de um evento realizado a cada quatro anos, enquanto o Mundial de surfe é anual.

O skate, outro estreante olímpico, também teve apenas quatro países campeões na categoria street (EUA, Japão, Austrália e Brasil), mas com uma diferença importante: o Mundial só é disputado desde 2010.

É preciso ir ao tênis de mesa, com o domínio chinês praticamente absoluto, para achar um esporte com campeões mundiais de menos países do que o surfe neste século; a bolha só foi furada por um austríaco que ganhou a edição de 2003 entre os homens.

Como mostra a história do vôlei de praia e também de outras modalidades, a tendência, para o bem do surfe e azar do Brasil, é que o domínio de um ou alguns poucos países se relativize com o tempo —a seleção americana de basquete que o diga.

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