Roberto Dias

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Descrição de chapéu Tóquio 2020

Que esporte olímpico você vai disputar quando crescer?

Kelvin Hoefler é símbolo de uma revolução na aristocracia do COI

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Kelvin Hoefler nem era nascido quando aconteceram aquelas Olimpíadas. O skatista não viu ao vivo o arqueiro acender a pira nem escutou os tenores abrirem os Jogos de Barcelona-92, que renovaram o olimpismo, num caso já clássico de marketing.

No primeiro pódio do skate, o brasileiro quase parecia um veterano, aos 27 anos, ao lado de competidores de 22 e 20 anos.

Ele só estava ali no Parque Ariake, em Tóquio, porque o COI (Comitê Olímpico Internacional) se mexeu para sobreviver. A inclusão de cinco novos esportes nestes Jogos tem o objetivo explícito de atrair o interesse dos jovens para a competição.

O brasileiro Kelvin Hoefler na final do street do skate em Tóquio - Martin Bernetti - AFP

Em Paris-24, um passo ainda mais radical: a entrada do break dance, estilo que nasceu nas ruas americanas. Para uma entidade de origem aristocrática e europeia como o COI, é um salto quase inimaginável.

Por muito tempo, o comitê privilegiou o fator geográfico como critério para incluir um esporte nos Jogos. Exigia-se que uma modalidade fosse praticada em 75 países de quatro continentes (no caso do masculino) e 40 países de três continentes (no caso do feminino). Hoje em dia, vários esportes exibem entre seus favoritos competidores de lugares que não tinham tradição nenhuma naquele esporte. Sinal de que essa abordagem teve lá seu resultado.

Aos poucos, o foco se deslocou para limitar a expansão da Olimpíada, de modo a manter o interesse das cidades em sediá-los, e para equidade de gênero. Em Tóquio, o número de mulheres atletas chegou a 49% do total, e o comitê estabeleceu como meta uma divisão 50/50 em Paris-24.

Como se pode imaginar, o desafio de incluir novas modalidades esbarra na pressão subterrânea dos cartolas de cada esporte, que não querem perder poder. O lobby é não só para manter suas modalidades no programa olímpico como, em alguns casos, preservar o maior número de medalhas sob seu guarda-chuva (o que explica, por exemplo, o duplo bronze no judô).

Para enfrentar essa força, o comitê deixou de estabelecer um teto para o número de esportes em cada edição e passou a enfatizar a limitação ao total de participantes --em Tóquio, são cerca de 11.500 atletas.

Importante notar que isso não ocorre sem impacto a médio prazo no desenvolvimento das modalidades hoje olímpicas. Que o digam o beisebol e o softbol, que entraram, saíram, voltaram, sairão de novo e possivelmente retornarão em 2028. Não deve ser fácil para quem está escolhendo que esporte vai praticar.

A próxima fronteira é a dos e-sports. Nas semanas que antecederam os Jogos, o comitê organizou, pela primeira vez, uma competição virtual. É um mercado com faturamento que já atravessou para a casa do bilhão de dólares. O comitê, por purismo, torcia o nariz para o motor a combustão; agora abraça os algoritmos.

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