Roberto Dias

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Descrição de chapéu Tóquio 2020

O futebol nos Jogos

Difícil entender quem quer tirar das Olimpíadas o esporte mais popular do mundo

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“O Brasil só não ganhou ouro porque não joguei”, costumava dizer Pelé antes de a seleção masculina de futebol ganhar pela primeira vez o torneio olímpico de futebol, na Rio-16. Seria mais de um de seus chistes, se fosse um chiste.

Gente como ele (chamado, entre outras coisas, de Atleta do Século) ficou na maior parte do tempo totalmente alijada dos Jogos, por causa de uma disputa de poder entre a Fifa e o COI, o Comitê Olímpico Internacional.

Para não criar concorrência para a Copa do Mundo, a Fifa fez de tudo para esvaziar o torneio olímpico, com táticas que foram mudando ao longo do tempo.

Richarlison e Daniel Alves escutam o hino brasileiro antes da estreia nos Jogos de Tóquio, contra a Alemanha
Richarlison e Daniel Alves escutam o hino brasileiro antes da estreia nos Jogos de Tóquio, contra a Alemanha - Daniel Leal/AFP

Durante décadas, proibiu a entrada de profissionais, o que permitiu uma sequência de vitórias de seleções do bloco comunista, supostamente amadoras. Depois passou a permitir a participação de jogadores que não tivessem disputado Copas do Mundo. Evoluiu-se mais recentemente para o modelo atual: podem ser convocados jogadores até 23 anos, com três exceções por equipe.

Por causa disso, muita gente ainda hoje torce o nariz para a presença do futebol nos Jogos Olímpicos. É uma bobagem.

Entre as linhas de argumentação, há quem diga que o público está sendo enganado, pois a correlação de forças supostamente não seria a da vida real. Olhando só a lista de medalhistas olímpicos encontra-se gente como Messi, Neymar, Ronaldo, Romário, Bebeto, Eto’o, Taffarel, Guardiola, Kanu. Não tem bobo (também) nesse futebol.

Outros defendem trocar o futebol pelo futsal ou pelo futebol de areia. É um argumento um tanto sem nexo. Significaria excluir aquele que é de longe o esporte mais popular do mundo, para não dizer uma das universais criações humanas, de modo a incluir uma modalidade derivada dele.

Os argumentos são ruins também quando se olha para o futebol feminino, que entrou nas Olimpíadas em 1996 e consolidou nelas um torneio claramente muito relevante. Por que deveria ser eliminado?

Difícil entender também quando se observa a coisa pela perspectiva dos valores do Movimento Olímpico. O futebol é obviamente o maior motor de ascensão social que existe no esporte mundial. Além disso, não é nenhum novato, pelo contrário: fez parte de quase todas as edições dos Jogos.

Jogar tudo isso fora por causa de uma briga política seria um grande erro. É mais negócio entender cada vez mais o valor do título olímpico e trabalhar para valorizá-lo —Daniel Alves que o diga.

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