A editora Abril estima que perderá cerca de R$ 100 milhões em seu faturamento até o final do ano em razão da pandemia do novo coronavírus.
A declaração foi feita em documento por meio do qual a editora pediu que a Justiça obrigasse as concessionárias de energia elétrica, água e gás a manterem a prestação dos serviços por 90 dias (prorrogáveis por mais 90), mesmo sem o pagamento das contas.
Segundo o grupo, fundado em 1950 e que está em recuperação judicial desde agosto de 2018, o prejuízo estimado decorre do cancelamento de campanhas publicitárias (60%), de inadimplência de 40% e do cancelamento e da redução na venda de assinaturas. “A expectativa é que a perda se agrave nos próximos meses”, diz.
Na petição a Abril, que tem 15 publicações em seu portfólio e 2.876 funcionários (dado de janeiro), disse ser responsável por alguns dos mais relevantes veículos de comunicação do Brasil e afirmou que “desempenha um papel de gigantesca relevância social, principalmente em um momento tão sensível e tão marcado pela desorientação informativa, como este da crise do novo coronavírus”.
A empresa pediu também a prorrogação do prazo para o pagamento dos credores da recuperação judicial por 90 dias, bem como a suspensão dos royalties pelo uso da marca Superinteressante, sem que o grupo europeu proprietário possa revogar a licença.
A Comgás, que tem R$ 390.707,98 a receber da Abril neste mês, argumentou que a Covid-19 não pode ser um “salvo conduto para a inadimplência”. Se atender pedidos como esse, diz a empresa, a Justiça “estará colocando em grave risco a saúde financeira da Comgás, “bem como [a capacidade de manter] o abastecimento dos pequenos comércios, hospitais, unidades de saúde e famílias que dependem do gás natural.”
O juiz Paulo Furtado de Oliveira Filho, da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais, não aceitou a argumentação da Abril. “É inviável a pretensão de suspensão genérica e absoluta de pagamento de despesas correntes, essenciais à operação da empresa."
A Abril pode recorrer da decisão.
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