Rogério Gentile

Jornalista, foi secretário de Redação da Folha, editor de Cotidiano e da coluna Painel e repórter especial.

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Após três adiamentos, noivos vão à Justiça por casamento na fase emergencial

'Não caracteriza aglomeração e todos os cuidados preventivos serão adotados', argumenta casal

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J.N., de 25 anos, e D.L., 24, tentam se casar há um ano. A primeira cerimônia estava marcada para ocorrer no dia 11 de abril do ano passado, mas teve de ser adiada às pressas por conta da quarentena do coronavírus.

A festa seria realizada numa capela ao ar livre montada ao lado de um salão em estilo rústico. O aluguel estava pago desde o ano anterior. Foram gastos R$ 8.800, sem contar as despesas com o bufê. Cem pessoas haviam sido convidadas.

Com a pandemia, a advogada e o supervisor de vendas resolveram formalizar a união no cartório de registro civil e adiaram a cerimônia evangélica para o dia 19 de julho.

Só que o evento também não pôde ocorrer. Naquele mês, o país registrou o maior número de mortos num único dia, com 1.554 casos (29/7), patamar que foi superado em março de 2021.

Os noivos remarcaram tudo, então, para 13 de dezembro, achando que a pandemia não duraria tanto. Mas, como na época a situação ainda não estava boa, adiaram tudo pela terceira vez.


Esperançosos com o surgimento da vacina e com a diminuição dos casos no estado, agendaram a festa para o dia 21 de março, o próximo domingo. Não contavam, no entanto, com o recrudescimento da pandemia, que hoje bate recordes de mortes e de novos casos no país.

O governo paulista colocou todo o estado na fase emergencial, situação em que apenas os serviços essenciais podem funcionar. Salão de festas, obviamente, não faz parte das exceções.

Cansados de esperar, os noivos entraram na Justiça para tentar realizar a festa.

“Trata-se de ambiente amplo e aberto, com janelas, o que permite um total fluxo de corrente circulatória de ar natural entre os presentes”, alegaram, destacando que o salão tem capacidade para 400 pessoas, mas são cem os convidados.

“Não caracteriza aglomeração e todos os cuidados preventivos serão adotados.”

O casal disse ainda que, como se trata de uma cerimônia evangélica, não haverá bebida alcoólica e nem pista de dança. “Todos os convidados ficarão sentados com seus familiares nas respectivas mesas”, disseram os noivos à Justiça.

A argumentação não convenceu. “É notório o avanço do contágio da Covid-19 em todo o Brasil, e, em especial, em nosso estado, cujo sistema hospitalar, em muitos locais, já chegou ao colapso”, afirmou a juíza Euzi Liberatti.

“As medidas [de restrição de atividades] visam o benefício de todos, não sendo razoável que o interesse coletivo ceda passo ao interesse particular.”

O casamento terá de ser adiado pela quarta vez.

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