Rogério Gentile

Jornalista, foi secretário de Redação da Folha, editor de Cotidiano e da coluna Painel e repórter especial.

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Justiça condena empresário que chamou sargento da PM de 'lixo'

Em maio de 2020, o empresário, morador de Alphaville, foi filmado xingando, humilhando e ofendendo policiais

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A Justiça de São Paulo condenou o empresário Ivan Storel a pagar uma indenização de R$ 25 mil ao sargento da Policia Militar Daniel Dias do Nascimento.

Em maio de 2020, o empresário, morador de Alphaville, foi filmado xingando, humilhando e ofendendo Daniel e outros policiais que estavam em sua casa em razão de uma reclamação de violência doméstica feita pela mulher de Storel.

Muito alterado, chamou os policiais de "lixo", "bosta" e merda. "Você é uma merda de um PM que ganha R$ 1.000 por mês, eu ganho R$ 300 mil. Eu quero que você se foda, seu lixo do caralho. Você pode ser macho na periferia, mas aqui você é um bosta. Aqui é Alphaville, mano."

Fachada do prédio do Palácio da Justiça de São Paulo, sede do Tribunal de Justiça de São Paulo
Fachada do prédio do Palácio da Justiça de São Paulo, sede do Tribunal de Justiça de São Paulo - Eduardo Knapp - 11.out.20019/Folhapress

O empresário disse também que ia chutar a cara do policial. "Não pisa na minha calçada, não pisa na minha rua, eu vou chutar na cara, filho da puta. Você é um lixo".

A abordagem foi gravada pelos próprios PMs e viralizou na internet. Os policiais imobilizaram e algemaram o empresário, que acabou sendo levado à delegacia sob acusação de desacato, injúria e resistência.


Na ação em que pediu uma indenização de R$ 50 mil por danos morais, o sargento afirmou que, no trajeto para a delegacia, o empresário fez ameaças veladas de que os policiais teriam a carreira prejudicada, pois "ele seria uma pessoa influente no meio político".

"O sargento e os seus colegas foram extremamente humilhados pelo empresário", afirmou à Justiça Letícia Prass, advogada de Dias do Nascimento. "Eles sofreram um inegável abalo de ordem moral. As suas palavras foram mais ofensivas que uma agressão física, pois visavam menosprezá-los como pessoas e profissionais."

Na defesa apresentada à Justiça, Storel afirmou que os fatos ocorreram em momento difícil de sua vida. Disse que sofre com compulsão pelo consumo de bebida alcoólica e que faz uso de fortes medicamentos por conta de uma depressão. Afirmou ainda que havia, no dia anterior, testado positivo para Covid 19.

Todo esse quadro, segundo seus advogados, gerou um desequilíbrio psicológico que culminou em uma explosão de raiva. "Ele apresentava uma situação clara de crise emocional. Alcoolizado e sob fortes medicamentos, não tinha Ivan consciência do que ocorria", afirmou à Justiça o advogado Jorge Delmanto Bouchabki.

Os policiais, de acordo com o advogado "nada fizeram para controlar o episódio ou tentar entender os motivos da crise explosiva de Ivan". "Ao contrário do que se espera de profissionais da segurança pública, que deveriam saber como tratar com situações difíceis, tiveram postura passiva e ficaram filmando o descontrole de Ivan, deixando-o mais irritado."

O juiz José Maria Alves de Aguiar Júnior não aceitou a argumentação. Na sentença, disse que a conduta do empresário foi "moralmente execrável" e que os problemas relatados não foram suficientes para, no dia dos fatos, reduzir-lhe significativamente a capacidade de discernimento.

"Pessoa letrada, com grande poder aquisitivo, não possuía qualquer justificativa para atacar verbalmente os policiais como atacou", afirmou.

O empresário, que responde a outros processos por conta do episódio, ainda pode recorrer.

A indenização de R$ 25 mil será acrescida de juros e correção monetária.

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