Ronaldo Lemos

Advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro.

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KYC, conhecer cliente é graal de fintechs

Certificar-se de que a pessoa do outro lado da rede é quem ela diz ser virou peça-chave

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KYC não é o nome de uma nova cadeia de fast food, mas, sim, o acrônimo da atividade que está se tornando o santo graal para as fintechs (empresas que usam a rede para o oferecer serviços financeiros). 

O termo significa "know your customer" (conheça seu cliente) e diz respeito a uma das atividades mais difíceis de fazer online: certificar-se de que a pessoa do outro lado da rede é realmente quem ela diz ser.

Conseguir provar a identidade de um cliente é a pedra fundamental no competitivo jogo das startups financeiras (e também de boa parte dos negócios online).

Basta ver o caso do N26, startup alemã que se tornou a "menina dos olhos" na Europa. De junho de 2018 a junho de 2019, a empresa ganhou 1,5 milhão de clientes, atingindo 3,5 milhões.

Uma das razões foi justamente a desburocratização: é muito fácil abrir uma conta na plataforma, e o processo de verificação de identidade do consumidor é simples e online. O problema é que a empresa passou a ser criticada sob o argumento de que esse processo não era seguro e abria caminho para fraudes, lavagem de dinheiro e ilícitos.

Na sequência, a autoridade que supervisiona o sistema bancário na Alemanha interpelou a N26 e passou a exigir medidas mais rigorosas no processo de KYC da empresa. Vários clientes tiveram de ser reidentificados, e a startup teve de rever seus processos.

O logo da Libra, criptomoeda lançada pelo Facebook
O logo da Libra, criptomoeda lançada pelo Facebook - AFP

Algo semelhante aconteceu com a fintech inglesa Revolut. Investigações mostraram que seu sistema não conseguia identificar transações fraudulentas, derivadas da dificuldade de fazer KYC adequadamente.

A raiz da questão é um problema de design da própria internet. Quando a rede que usamos hoje foi criada, ficou de fora uma camada capaz de identificar pessoas. A internet consegue tecnicamente identificar o endereço das máquinas que estão ligadas a ela, mas não a identidade das pessoas que estão usando essas máquinas. 

Essa "falha" de design traz inúmeros problemas, que vão da dificuldade de fazer KYC a fake news, que se aproveitam desse anonimato.

Diante desse cenário, o que fazer? São várias as estratégias. A primeira envolve centralização, como aconteceu na China, na Índia ou na Estônia. Nesses países, o governo criou uma identidade digital que pode ser atrelada ao uso de serviços online. 

Em outras palavras, o governo identifica o indivíduo e permite ao setor privado usar essa identificação digital para fazer KYC. É esse tipo de medida que ajudou empresas como a chinesa Alipay/Ant Financial a se tornarem conglomerados financeiros gigantescos naquele país.

Outra estratégia é descentralização. Isso envolve a criação de um ecossistema privado de KYC.

A própria N26, por exemplo, usa os serviços de empresas privadas especializadas para fazer KYC.

E há quem diga que a parte mais relevante do projeto Libra, do Facebook, não é a criação de uma moeda virtual, mas sim de um sistema global de KYC, que depois poderá ser fornecido para outras empresas. 

Em suma, resolver essa questão é uma das tarefas mais importantes da rede atual, com impacto tanto em serviços privados como nos serviços públicos.


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