Ronaldo Lemos

Advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro.

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Ronaldo Lemos

Meu desejo para 2020 é muito 5G

Esse desejo provavelmente não vai acontecer; vamos ficar para trás

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Dentre as muitas coisas para desejar em 2020, uma delas é que o Brasil tenha uma rede de 5G instalada o mais rápido possível. 


Esse desejo provavelmente não vai acontecer. A Anatel (e um conjunto de outros atores governamentais e privados) está trabalhando arduamente para segurar ao máximo a chegada do 5G ao Brasil, por razões essencialmente políticas. É um erro histórico, que pode levar o país a um atraso irrecuperável, mais uma vez.


O 5G muda tudo o que sabemos sobre como nos conectamos à internet. Primeiro porque a velocidade é altíssima, no patamar de 10 gigabits por segundo. Um filme de duas horas em alta resolução pode ser baixado em cerca de 40 segundos. 

Trabalhador instala em novembro equipamento para 5G em Utah, nos Estados Unidos - George Frey/Getty Images/AFP


Mais importante que isso, o 5G praticamente elimina o tempo em que uma mensagem precisa para sair do emissor e chegar ao receptor. É como se as comunicações se tornassem instantâneas. Além disso, consome menos energia e aumenta a duração das baterias de celular. 

Quando completamente implementado, a ideia de um celular sem conexão deixa de existir. É como se a internet ficasse “embutida” no aparelho, o tempo todo.

Por que é importante que o Brasil tenha 5G o mais rápido possível? A razão é simples. Quem tem a tecnologia antes também inicia o processo de desenvolvimento de aplicações antes. Em outras palavras, empresas e desenvolvedores brasileiros encontram um mar aberto para criar serviços globais inovadores que só se tornam possível com o 5G. 

Trocando em miúdos, é uma oportunidade única para o Brasil se tornar um produtor de tecnologia, e não apenas um gigantesco consumidor, como hoje. De outra forma, ficamos condenados a comprar aplicações que serão desenvolvidas em mercados que entraram nessa corrida antes da gente.

Quais são as aplicações que podem ser desenvolvidas com o 5G? Uma delas é uma completa reestruturação do transporte público (e posteriormente do transporte privado). Com o 5G, é possível criar um sistema em que veículos andam como cardumes de peixes, sincronizados e em alta velocidade.

Imagine um corredor de ônibus no estilo BRT em que os veículos estão coordenados uns com os outros e trafegam em alta velocidade com distâncias mínimas de centímetros. O 5G torna isso possível. Isso já é viável hoje. O que é diferente da ideia de “carros autônomos”, que vai levar ainda décadas.

Mais do que isso, vai ser possível implementar a chamada indústria 4.0, automatizando linhas de produção e criando mecanismos de monitorar fábricas a distância, prevendo falhas em equipamentos e produtos antes que elas aconteçam. É um novo modelo industrial que deslancha a competitividade e que pode pagar boa parte da conta da implementação do 5G.
 

E a questão da cibersegurança? Esse tema é fundamental. E deve ser resolvido com a implementação de padrões muito bem definidos pelo Brasil com relação às suas redes. Esses padrões devem ser aplicados a toda e qualquer empresa que queira vender equipamento ao país.

No cenário atual, é possível que o Brasil só comece a implementar suas redes de 5G em 2021 e talvez até em 2022. É tarde demais. Como desejar não custa nada, ficam aqui meus melhores votos para um ano de 2020 cheio de luz e de conectividade para todos.

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Já era Construir ruas só para carros

Já é Construir faixas reservadas para bicicletas

Já vem Construir faixas reservadas para veículos coordenados por 5G

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