Ronaldo Lemos

Advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro.

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Ronaldo Lemos

Brasil derrapa em Inteligência Artificial

No mundo de hoje, ter um plano nessa área não é facultativo, é obrigarório

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É muito angustiante ver quando o país fica para trás não só com relação aos países desenvolvidos, mas também com relação a nossos próprios vizinhos latino-americanos. Foi publicado há poucos dias pela Universidade de Oxford o índice anual de preparação dos governos para a inteligência artificial (“Government AI Readiness Index”) que cria um ranking global com relação a essa nova tecnologia. A posição do Brasil não é nada animadora.

O estudo analisou 33 variáveis em 10 áreas relacionadas a fatores que contribuem para o desenvolvimento da inteligência artificial. Esses fatores incluem infraestrutura tecnológica, a existência de bancos de dados organizados e acessíveis que possam treinar sistemas de IA, disponibilidade de capital humano e assim por diante. Em suma, o estudo cria uma lente poderosa para analisar o presente e a capacidade futura dos países de se posicionarem no campo.

O Brasil ficou em 63º lugar no estudo. Nosso país perde não só para potências globais como EUA, Europa e China, mas se posiciona mal até quando comparado com economias muito menores. Na América Latina o Brasil fica atrás do México, Colômbia, Argentina, Uruguai e Chile em capacidade de inteligência artificial. No cenário global, perde de países como Egito, Índia, Kuwait, Arábia Saudita, Chipre e as Ilhas Maurício.

O país vai mal em vários critérios do índice, como falta de planejamento, capacidade digital, infraestrutura, inovação e assim por diante. O estudo destaca fatos regionais relevantes. Por exemplo, o Uruguai vem se tornando protagonista em transformação digital. O país é o primeiro da América Latina a lançar sua rede de 5G. Além disso, é o líder da região também em governo aberto, com bases de dados governamentais abertas para análise pública e organizadas para processos de inteligência artificial. O país tornou-se também o maior exportador de software per capita da região.

A Colômbia também tem destaques. O país tem sete empresas consideradas unicórnios (com valor de mercado de mais de US$ 1 bilhão), tem um plano de transformação de digital em curso e está com sua rede 5G já em testes. A Argentina, por sua vez, é o único país da região hoje que tem uma “puro-sangue” de tecnologia na lista da Forbes das 2.000 maiores empresa do planeta, o Mercado Livre.

O que fazer? O Brasil precisa de um Plano Nacional de Inteligência Artificial para coordenar o desenvolvimento em todas as variáveis necessárias. No mundo de hoje ter um plano assim não é facultativo, é obrigatório. Precisa também fomentar bases de dados de forma aberta e organizada. O Poder Judiciário é no país quem lidera essa questão e não por acaso é também líder no uso e desenvolvimento de IA para o setor público. Os outros poderes deveriam aprender com o judiciário.

Precisa cuidar de infraestrutura e do 5G, que é uma janela de oportunidade. Não faz sentido o país ficar para trás dessa forma. A alternativa é atraso permanente do país com relação ao mundo e à própria vizinhança.


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