Ronaldo Lemos

Advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro.

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Ronaldo Lemos
Descrição de chapéu Folhajus

O melhor álbum musical de 2020

'Piorou, piorou, piorou. Vai piorar. A qualquer hora, piora, piora.' Feliz 2021!!

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Fim de ano, época das listas de “melhores” em todas as áreas culturais. No entanto, qual o sentido dessas listas em um ano tão atípico quanto 2020?

O primeiro ponto é que 2020 pode não ser tão atípico assim. O ano de 2021 e além podem repetir muitas das características que vivemos neste ano, e, nesse sentido, é melhor a economia da cultura evoluir para se adaptar ao novo estado de coisas. Incluindo as listas.

O ano de 2020 viu uma mudança radical na forma de produzir e financiar a cultura. Para a música, a ausência dos shows ao vivo foi devastadora. Não só turnês e festivais foram cancelados como houve também uma redução dramática na gravação musical feita em estúdio. Com isso, a produção, a gravação e a performance musical, como tudo mais, migraram para dentro de casa.

Apesar de tudo, nunca houve tanta música (e especialmente música boa) sendo lançada e produzida quanto em 2020. Se a forma de produção mudou, isso não significa que menos música tenha sido feita e lançada. Ao contrário. O que houve foi uma redução do mercado de música “mainstream” e uma aceleração dos modelos de produção independentes.

Esse movimento é confirmado pelo relatório da ABMI (Associação Brasileira da Música Independente), lançado em dezembro de 2020. Em 2019, a parte independente do mercado já havia superado as “majors” no Spotify.

Quando se consideram as top 200 músicas ouvidas diariamente na plataforma no Brasil, 53,52% são oriundas do segmento independente, e os demais 46,48%, do mercado mainstream.

Além disso, plataformas independentes como o Bandcamp foram essenciais na pandemia. O site permite a relação comercial direta entre artistas e fãs e lançou várias iniciativas para apoiar músicos durante o ano, como as Bandcamp Fridays, que chegaram a arrecadar US$ 40 milhões em algumas rodadas.

Já o Spotify tornou-se a central. No início da pandemia, curiosamente, o consumo de música na plataforma chegou a cair 7%. A hipótese é que as pessoas estavam estressadas demais para ouvir música.

No entanto, essa queda foi revertida ao longo do ano, e a empresa chegou a ter um aumento de 27% de usuários ativos no terceiro semestre, chegando ao fim do ano com valor recorde das suas ações. Ao mesmo tempo, a concentração cada vez maior em torno do Spotify gera preocupação.

Parafraseando Jacques Attali, a música é ponta de lança de outras mudanças sociais (“o som é profético, é o que chega primeiro”). Observar o que está acontecendo no campo da música prenuncia o que vem por aí em outras áreas culturais e também na sociedade.

É nesse contexto que o álbum do ano —na minha opinião— é de autoria do grupo Tantão e os Fita, integrante das correntes culturais subterrâneas que compõem o tecido social do Rio.

Intitulado “Piorou”, o álbum tem 16 músicas, com nomes como “Cadê meu Dinheiro”, “A Hora do Brasil”, “Deu Bug” e “Pessoas do Mal”. Tem também a faixa “Piorou”, de letra simples e compreensível para a maior parte da população do país: “Piorou, piorou, piorou. Vai piorar. A qualquer hora, piora, piora. Qualquer hora piora. Vai piorar”. Feliz 2021!!

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