Ronaldo Lemos

Advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro.

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Ronaldo Lemos

O Brasil que dá certo em inovação

Iniciativas em tecnologia acontecem no país mesmo em tempos difíceis

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Na semana passada faleceu Tadao Takahashi, cientista da computação que foi um dos pioneiros na construção da internet no Brasil. Tadao desde 1989 teve a visão e a ousadia de que o Brasil podia se conectar à rede global. Naquele momento uma linha telefônica no país era item raro, passado de pai para filho como herança e alugado por quem não tinha dinheiro para comprar uma.

Tadao não se importou com nada disso e sonhou um Brasil conectado que ajudou a construir. Quando a Eco-92 aconteceu no Rio de Janeiro os participantes internacionais ficaram espantados porque receberam endereços de e-mail e puderam se conectar à internet, coisa que não podiam fazer com facilidade nos seus próprios países em 1992. Era o Brasil na frente.

Esse espírito de inovação sem medo de Tadao permanece. Ele se materializa por exemplo na linguagem de programação Lua, criada no Instituto Tecgraf da PUC do Rio de Janeiro. A maior oferta pública de ações de 2021, no valor de US$ 41 bilhões (R$ 194 bilhões), foi do game Roblox, programado em Lua. Outros games populares como World of Warcraft também usam Lua.

Logo da Roblox é exibido em um banner em frente à Bolsa de Valores de Nova York para celebrar IPO da companhia - Brendan McDermid - 10.mar.2021/Reuters

Inovação estruturante também aparece na GoGoBoard desenvolvida por Paulo Blikstein, brasileiro professor da Universidade de Columbia. Trata-se de uma placa de baixo custo para ensino de robótica que conseguiu juntar vários dispositivos essenciais em um único lugar. Essa placa, que cabe na palma da mão, tem o potencial de revolucionar o ensino de ciência, tecnologia, engenharia e matemática no Brasil e globalmente. É um competidor brasileiro para projetos de sucesso como Arduino e de empresas globais como a Lego.

Mais inovação estruturante aparece também no projeto de blockchain brasileira chamada Hathor, desenvolvida por Marcelo Brogliato e seus co-fundadores. Marcelo é engenheiro da computação graduado pelo Instituto Militar de Engenharia e desenvolveu o projeto como parte de projeto de pesquisa na instituição. A blockchain brasileira ganhou o mundo e resolve problemas de custo e escalabilidade que se tornaram entraves para as principais redes.

Também tem inovação brasileira de ponta no trabalho de designers do país como o escritório Porto Rocha. Criado por Leo Porto e Felipe Rocha, dois jovens que se aventuraram a abrir a empresa no competitivo mercado de Nova York. Apesar da pouca idade, o escritório desenhou a imagem corporativa da criptomoeda Solana, da Coinbase e trabalha para marcas como a rede de hotéis W, a Nike, Vevo, Airbnb e o Quinto Andar. A diferença competitiva? Apostar em um design não óbvio, que olha para frente.

Tem também o desenvolvimento de um "carro voador" por parte da empresa EVE, criada pela Embraer. A empresa desenvolve um eVTOL, sigla para veículo elétrico de pouso e decolagem vertical. A ideia é usar esse tipo de veículo para criar um novo modal de transporte aéreo nas principais cidades globais nos próximos dez anos.

Os exemplos de inovação brasileira não param por aí. Mesmo em tempos tão difíceis nosso país não perde sua capacidade de surpreender. Conectar essas diferentes capacidades no intuito de formular um ambiente estruturante para mais inovação a partir delas é um objetivo que deveria ser comum. Perdemos Tadao Takahashi mas seu espírito ainda vive forte entre nós.


READER

Já era Achar que o Brasil não consegue ser inovador

Já é Inovação brasileira acontecendo mesmo em tempos difíceis

Já vem Necessidade de estruturar um pensamento abrangente e de longo prazo sobre inovação no país

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