Ronaldo Lemos

Advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro.

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Quanto custa a internet do Starlink?

Serviço de internet por satélites de Musk tem gerado controvérsias

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São Paulo

Na semana passada, o Brasil recebeu a visita de Elon Musk. O bilionário anunciou no Twitter que vai lançar o serviço Starlink na Amazônia, cobrindo "19 mil escolas não conectadas na região". Se for verdade, é uma boa notícia. A tecnologia de satélites de baixa órbita de fato é uma das mais promissoras e baratas para conectar regiões geográficas vastas e com pouca densidade populacional, como é o caso da Amazônia.

No entanto, olhando no site da empresa, hoje não há serviço disponível na região. O portal diz que estará disponível na região amazônica no fim de 2023. Hoje, o serviço pode ser utilizado em uma faixa do país que vai de Santa Catarina até São Paulo e Rio de Janeiro. Mas, afinal, como funciona e quanto custa a conexão da Starlink?

elon Musk, fundador da SpaceX, em conferência na Florida (EUA) - Steve Nesius/REUTERS

O funcionamento é relativamente simples. Pelo site da empresa, o usuário pode encomendar uma antena parabólica e um terminal de acesso. O custo para entrega em São Paulo hoje é de R$ 5.138, incluindo os impostos. A partir da aquisição, o usuário tem de pagar R$ 530 por mês pela conexão. A antena precisa ficar instalada em um local que tenha visão livre para o céu. A velocidade da conexão fica em torno de 100 Mbps, com latência também relativamente baixa.

A Starlink pretende lançar 42 mil satélites para oferecer o serviço globalmente. Atualmente, há 2.400 satélites lançados. Cada um pesa cerca de 290 quilos. A empresa não está sozinha na prestação desse tipo de serviço. Outros competidores incluem a empresa OneWeb, a Astranis e a própria Amazon, que tem planos de lançar sua própria constelação.

O modelo de serviço também tem gerado controvérsias. Uma delas é a preocupação de que essas constelações em órbita baixa (cerca de 550 km) possam interferir no sinal de satélites de órbitas mais altas, sobretudo os geoestacionários. O BrasilSat A1, por exemplo, está em órbita a cerca de 35 mil quilômetros.

Outra preocupação foi levantada pela Nasa, a de que o brilho desses satélites em baixa altitude pode arruinar as possibilidades de observação espacial a partir da Terra, uma vez que interferem em equipamentos astronômicos.

O impacto geopolítico é outra questão essencial. Esses conjuntos massivos de satélites ocupam dois recursos escassos: as órbitas e as frequências de rádio. Órbitas são geridas pelo Escritório da ONU de Assuntos Espaciais. Já as radiofrequências são geridas pela União Internacional de Telecomunicações, também da ONU, em conjunto com os países.

O potencial de conflitos nessas áreas é extraordinário. Recentemente, a China afirmou que teve de manobrar a estação espacial TianHe para evitar colisão com um dos satélites da Starlink, gerando uma reclamação formal na ONU.

Além disso, essas constelações são capazes de monitorar a superfície da Terra em tempo real, analisando dados militares, políticos e econômicos (por exemplo, prevendo se a safra agrícola de um país será promissora ou não). Nesse sentido, países como a Índia estão estudando criar leis para regular esse tipo de coleta de dados, chamados "não pessoais", estabelecendo regras de soberania local para essa forma de análise global.

Ainda vamos viajar muito nos desafios que essa nova corrida espacial vai trazer.


READER

era Achar que conectar escolas não é prioridade
Já é O 5G estabelecendo obrigações de conectar escolas públicas no Brasil à internet
Já vem Um grande número de escolas públicas ainda sem boa conexão no país

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